As próximas décadas podem ser marcadas por mudanças climáticas preocupantes no Rio Grande do Sul. De acordo com um estudo do IPH, (Instituto de Pesquisas Hidráulicas) da UFRGS, o Estado deve enfrentar períodos mais chuvosos, cheias mais relevantes e aumento expressivo de eventos climáticos extremos até o fim do século.
Inicialmente, a pesquisa aponta que os volumes de chuva tendem a crescer de forma consistente. Com isso, rios poderão alcançar níveis muito acima dos atuais, elevando o risco de alagamentos em áreas urbanas e rurais. Além disso, a projeção indica que situações consideradas raras hoje podem se tornar cada vez mais comuns no futuro.
Somente após a análise dos dados históricos dos últimos 50 anos, os pesquisadores projetaram cenários entre 2050 e 2100. Nesse contexto, o levantamento foi elaborado em parceria com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e reúne evidências sobre como as mudanças climáticas irão afetar os cursos d’água em todo o Brasil, com destaque para o Sul do país.
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Cheias podem superar estruturas atuais
Conforme afirma o estudo (leia a publicação aqui), as cheias poderão ultrapassar os níveis de proteção existentes. Em rios da Serra Gaúcha, por exemplo, o nível da água poderá ser até três metros mais alto do que o registrado atualmente. Já em Porto Alegre e Região Metropolitana, as inundações futuras podem ficar entre 50 centímetros e um metro acima dos patamares observados hoje.
“Cheias em rios da Serra poderiam ter níveis 3 metros mais elevados (do que atualmente). Em Porto Alegre e região, a cheia poderia alcançar níveis entre 50cm e um metro maiores, o que superaria os sistemas de proteção atuais, com as águas invadindo novamente áreas urbanas, além de regiões não atingidas em maio de 2024” exemplifica Rodrigo Paiva, professor do IPH e um dos responsáveis pelo estudo para gzh.
Com isso, a capacidade dos sistemas de contenção existentes se tornará insuficiente. Como consequência, cidades que nunca sofreram com enchentes severas poderão passar a enfrentar alagamentos frequentes.
Impactos vão além das cheias
O mudanças climáticas estudo IPH também destaca prejuízos que não se limitam apenas às inundações. A segurança da infraestrutura hídrica no Estado, como barragens, reservatórios e sistemas de drenagem, poderá ser diretamente afetada. Além disso, áreas agrícolas, rodovias e redes de saneamento também estarão sob risco crescente.
Outro dado alarmante diz respeito à frequência dos eventos extremos. Segundo a projeção, fenômenos que hoje ocorrem em intervalos de até 50 anos poderão acontecer a cada década no futuro.
“Um evento extremo que atualmente ocorre a cada 50 anos poderá ser registrado, no futuro, a cada 10 anos” acrescenta Paiva.
Ao mesmo tempo, alguns pontos do Estado poderão registrar menos dias consecutivos de seca, enquanto outras regiões do Brasil enfrentarão justamente o oposto, com prolongamento de períodos sem chuva.
Segurança hídrica em risco
Apesar de eventuais limitações nos modelos climáticos utilizados, os pesquisadores reforçam que os dados são convergentes e suficientes para acender um alerta máximo quanto à segurança hídrica no país.
“As projeções hidrometeorológicas atuais são suficientemente convergentes, apontando para ameaças à segurança hídrica, e têm sido corroboradas por tendências de alteração de eventos extremos recentes, como as cheias catastróficas no Rio Grande do Sul e as secas sem precedentes na Amazônia, em 2023 e 2024”, diz o estudo.
Diante disso, os cientistas defendem a revisão imediata das práticas de planejamento urbano e projetos de infraestrutura, incorporando novas exigências técnicas adaptadas ao novo padrão climático.
Prevenir será mais barato que reconstruir
Por fim, o levantamento ressalta que agir agora é financeiramente mais viável do que lidar com os prejuízos no futuro.
“Os gastos com reconstrução e as perdas associadas a secas e cheias podem superar grandemente os custos de medidas de preparação e prevenção”, finaliza o relatório.
Assim, o mudanças climáticas estudo IPH reforça que o impacto não será apenas ambiental, mas também social e econômico, exigindo decisões urgentes por parte dos governos, empresas e da sociedade.

