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27 de novembro de 2025

Mudanças climáticas: estudo do IPH aponta risco de cheias históricas e mais eventos extremos no RS

As mudanças climáticas devem interferir cada vez mais no RS. Eventos extremos podem ser mais recorrentes, segundo estudo do IPH.

As próximas décadas podem ser marcadas por mudanças climáticas preocupantes no Rio Grande do Sul. De acordo com um estudo do IPH, (Instituto de Pesquisas Hidráulicas) da UFRGS, o Estado deve enfrentar períodos mais chuvosos, cheias mais relevantes e aumento expressivo de eventos climáticos extremos até o fim do século.

Inicialmente, a pesquisa aponta que os volumes de chuva tendem a crescer de forma consistente. Com isso, rios poderão alcançar níveis muito acima dos atuais, elevando o risco de alagamentos em áreas urbanas e rurais. Além disso, a projeção indica que situações consideradas raras hoje podem se tornar cada vez mais comuns no futuro.

Somente após a análise dos dados históricos dos últimos 50 anos, os pesquisadores projetaram cenários entre 2050 e 2100. Nesse contexto, o levantamento foi elaborado em parceria com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e reúne evidências sobre como as mudanças climáticas irão afetar os cursos d’água em todo o Brasil, com destaque para o Sul do país.

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Cheias podem superar estruturas atuais

Conforme afirma o estudo (leia a publicação aqui), as cheias poderão ultrapassar os níveis de proteção existentes. Em rios da Serra Gaúcha, por exemplo, o nível da água poderá ser até três metros mais alto do que o registrado atualmente. Já em Porto Alegre e Região Metropolitana, as inundações futuras podem ficar entre 50 centímetros e um metro acima dos patamares observados hoje.

Cheias em rios da Serra poderiam ter níveis 3 metros mais elevados (do que atualmente). Em Porto Alegre e região, a cheia poderia alcançar níveis entre 50cm e um metro maiores, o que superaria os sistemas de proteção atuais, com as águas invadindo novamente áreas urbanas, além de regiões não atingidas em maio de 2024” exemplifica Rodrigo Paiva, professor do IPH e um dos responsáveis pelo estudo para gzh.

Com isso, a capacidade dos sistemas de contenção existentes se tornará insuficiente. Como consequência, cidades que nunca sofreram com enchentes severas poderão passar a enfrentar alagamentos frequentes.

Impactos vão além das cheias

O mudanças climáticas estudo IPH também destaca prejuízos que não se limitam apenas às inundações. A segurança da infraestrutura hídrica no Estado, como barragens, reservatórios e sistemas de drenagem, poderá ser diretamente afetada. Além disso, áreas agrícolas, rodovias e redes de saneamento também estarão sob risco crescente.

Outro dado alarmante diz respeito à frequência dos eventos extremos. Segundo a projeção, fenômenos que hoje ocorrem em intervalos de até 50 anos poderão acontecer a cada década no futuro.

Um evento extremo que atualmente ocorre a cada 50 anos poderá ser registrado, no futuro, a cada 10 anos” acrescenta Paiva.

Ao mesmo tempo, alguns pontos do Estado poderão registrar menos dias consecutivos de seca, enquanto outras regiões do Brasil enfrentarão justamente o oposto, com prolongamento de períodos sem chuva.

Segurança hídrica em risco

Apesar de eventuais limitações nos modelos climáticos utilizados, os pesquisadores reforçam que os dados são convergentes e suficientes para acender um alerta máximo quanto à segurança hídrica no país.

“As projeções hidrometeorológicas atuais são suficientemente convergentes, apontando para ameaças à segurança hídrica, e têm sido corroboradas por tendências de alteração de eventos extremos recentes, como as cheias catastróficas no Rio Grande do Sul e as secas sem precedentes na Amazônia, em 2023 e 2024”, diz o estudo.

Diante disso, os cientistas defendem a revisão imediata das práticas de planejamento urbano e projetos de infraestrutura, incorporando novas exigências técnicas adaptadas ao novo padrão climático.

Prevenir será mais barato que reconstruir

Por fim, o levantamento ressalta que agir agora é financeiramente mais viável do que lidar com os prejuízos no futuro.

“Os gastos com reconstrução e as perdas associadas a secas e cheias podem superar grandemente os custos de medidas de preparação e prevenção”, finaliza o relatório.

Assim, o mudanças climáticas estudo IPH reforça que o impacto não será apenas ambiental, mas também social e econômico, exigindo decisões urgentes por parte dos governos, empresas e da sociedade.

Guilherme Galhardo
Guilherme Galhardo
Estudante de jornalismo, apaixonado pela cultura POP, luta-livre, games, séries e filmes. Entusiasta de meteorologia e punk rocker nas horas vagas.
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