O processo para tirar carteira de motorista no Brasil acaba de passar por uma das maiores transformações da história. Uma decisão tomada em Brasília nesta segunda-feira promete mudar completamente a trajetória de quem sonha em dirigir legalmente — e já chama atenção pelo impacto direto no bolso e na rotina do candidato.
Antes de mais nada, vale lembrar que, até hoje, obter a Carteira Nacional de Habilitação sempre foi sinônimo de autoescola, carga horária fixa e altos custos. No entanto, esse modelo tradicional acaba de sofrer um abalo profundo com uma resolução aprovada pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que muda as regras da formação de condutores em todo o país.
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Próximos passos da CNH sem autoescola
A aprovação da CNH sem autoescola cria, oficialmente, a possibilidade de o candidato não depender mais exclusivamente dos Centros de Formação de Condutores (CFCs). Agora, o futuro motorista poderá escolher como estudar a parte teórica: em salas presenciais, por ensino à distância ou até mesmo com plataformas digitais oferecidas pela Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran).
Além disso, a mudança mais impactante está nas aulas práticas. O Contran extinguiu a obrigatoriedade das atuais 20 horas-aula e manteve apenas duas horas mínimas antes da prova final. Essas aulas poderão ser feitas tanto em autoescolas quanto com instrutores independentes devidamente credenciados pelo Detran.
Mais do que isso, o candidato também poderá treinar no próprio veículo, desde que esteja acompanhado por um instrutor autorizado e que o carro atenda aos critérios de segurança estabelecidos pelo Código de Trânsito Brasileiro. Essa flexibilização promete facilitar o aprendizado e tornar o processo mais acessível.
Segundo o Ministério dos Transportes, o custo para tirar a CNH hoje gira em torno de R$ 3.200 para as categorias A e B. Com o novo modelo, a redução pode chegar a até 80%. Na prática, o valor pode cair para menos de R$ 700, dependendo da forma como o candidato organiza seus estudos e aulas.
O governo aposta que a mudança ajudará a regularizar aproximadamente 20 milhões de brasileiros que dirigem sem habilitação. Muitos, segundo dados oficiais, nunca conseguiram tirar a CNH justamente por causa do preço elevado.
Apesar da flexibilização, a segurança, segundo as autoridades, não será comprometida. Isso porque as provas teórica e prática continuam obrigatórias e mantendo os critérios rigorosos atuais. Ou seja, ninguém será aprovado sem demonstrar conhecimento e domínio do veículo.
A digitalização também será ampliada. Novas plataformas devem permitir conectar candidatos e instrutores com agendamento online, pagamentos digitais, geolocalização e acompanhamento pelo aplicativo da Carteira Digital de Trânsito (CDT). A ideia é modernizar o sistema e torná-lo mais transparente.
A proposta segue o modelo já adotado em países como Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Japão, Paraguai e Uruguai, que trabalham com uma formação mais flexível e menos centralizada em autoescolas.
Para quem pretende obter categorias profissionais, como C, D e E (caminhões, ônibus e carretas), a mudança também impacta. Outras entidades além dos CFCs poderão oferecer cursos, desde que sigam as diretrizes da Senatran e dos Detrans estaduais. O credenciamento dos instrutores será digital, com fiscalização constante.
No entanto, as novas regras ainda não estão valendo oficialmente. A resolução aguarda publicação no Diário Oficial da União. Só depois disso começa o prazo para os Detrans se adaptarem aos novos procedimentos em todo o país.
A aprovação da CNH sem autoescola representa uma virada histórica. Mais do que cortar custos, o novo modelo promete democratizar o acesso à habilitação e mudar completamente a forma como os brasileiros aprendem a dirigir.

