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01 de dezembro de 2025

Professor de Direito é indiciado por 24 crimes sexuais no RS

Em nota, as advogadas de Conrado afirmam que ele é inocente e que nunca teve acesso pleno ao conteúdo do inquérito

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul concluiu o inquérito que apura denúncias de violência sexual contra o professor de Direito e advogado Conrado Paulino da Rosa, de 41 anos. Segundo a investigação, ele foi indiciado por supostos crimes sexuais cometidos 24 vezes, entre os anos de 2013 e 2025. Ao menos 16 mulheres afirmam terem sido vítimas. Conrado segue em liberdade, monitorado por tornozeleira eletrônica.

O inquérito, que durou cerca de três meses, contou com depoimentos de 18 vítimas e 16 testemunhas, além de exames periciais e análises de dispositivos eletrônicos apreendidos no apartamento do professor, em Porto Alegre. A investigação inclui relatos de estupro, agressões durante relações sexuais e violência psicológica.

Liberdade monitorada e medidas cautelares

Conrado foi preso temporariamente em 26 de setembro, mas teve a prisão revogada em 22 de outubro, antes do fim do prazo legal. Desde então, cumpre medidas cautelares determinadas pela Justiça do RS, como:

  • uso de tornozeleira eletrônica;
  • proibição de contato com vítimas e testemunhas;
  • retenção do passaporte;
  • recolhimento domiciliar das 20h às 6h;
  • comparecimento mensal em juízo;
  • impedimento de frequentar instituições de ensino superior, congressos e eventos acadêmicos;
  • proibição de deixar a comarca de Porto Alegre.

A Polícia Civil afirma ter mantido todo o processo sob sigilo, garantindo proteção às mulheres e assegurando o contraditório à defesa.

Relatos indicam padrão de violência

Mulheres ouvidas pela reportagem da RBS TV relataram que o professor de Direito apresentava um comportamento inicial sedutor, seguido por episódios de agressividade, manipulação emocional e violência durante atos sexuais. Algumas afirmam ter acordado machucadas após episódios em que perderam a consciência; outras relatam agressões físicas, hematomas e sufocamento.

Para a delegada responsável, Fernanda Campos, os depoimentos apresentam “fortes semelhanças”, o que reforçou a linha de investigação. As vítimas também passarão por perícia psicológica.

Demissão da instituição de ensino

Antes de ser preso, Conrado atuava como professor na Fundação Escola Superior do Ministério Público (FMP), onde lecionava na graduação e no mestrado, além de coordenar uma pós-graduação em Direito de Família e Sucessões. Ele também presidiu o IBDFAM-RS e é autor de diversos livros sobre o tema.

Após o início das investigações, a FMP desligou o professor. A instituição afirma que a decisão foi administrativa e que não representa juízo sobre sua responsabilidade nos fatos investigados.

O que diz a defesa

Em nota, as advogadas de Conrado afirmam que ele é inocente e que nunca teve acesso pleno ao conteúdo do inquérito, alegando “restrições injustificadas” e supostos vazamentos seletivos. A defesa afirma que provas já juntadas ao processo “mostram inconsistências nos relatos” e que confia no Judiciário para esclarecer os fatos.

O professor, por meio das redes sociais, declarou que “repudia a violência contra a mulher” e que “a verdade prevalecerá”.

Nota da defesa do professor de Direito

NOTA

A defesa de Conrado Paulino da Rosa informa que tomou conhecimento, pela imprensa, da conclusão do inquérito policial que envolve seu constituinte. Embora tenham sido encaminhadas duas requisições formais à autoridade policial, nos dias 24 e 27 de novembro, e apesar da persistente ausência de resposta, foi formulado pedido judicial, com manifestação protocolada em 28 de novembro. Até o presente momento, contudo, não houve qualquer acesso ao relatório final ou às peças conclusivas da investigação.

Desde o início da apuração, a defesa vem enfrentando restrições injustificadas ao acesso a informações essenciais, comprometendo o direito constitucional de informação e o pleno exercício da defesa. Ao longo do procedimento investigatório, foram identificadas e formalmente comunicadas irregularidades significativas, tais como vazamentos seletivos e criminosos de informações, a indevida classificação de determinadas pessoas como vítimas e a ausência de diligências básicas para verificação dos relatos apresentados, entre outras circunstâncias que, na visão da defesa, contribuíram para uma equivocada classificação jurídica dos fatos.

Ainda assim, é importante reconhecer que a conclusão do inquérito inaugura, finalmente, o momento adequado para que Conrado exerça plenamente seu direito de defesa. Encerrada a fase investigativa, abre-se agora o espaço institucional próprio para demonstrar a verdade. Aliás, uma verdade que não se orienta por impressões, versões ou interesses, mas por documentos técnicos, objetivos e irrefutáveis. O acervo já apresentado em juízo, ainda que parcial, contém diálogos mantidos com grande parte das pessoas mencionadas na apuração, cujos conteúdos revelam claras inconsistências, para dizer menos, entre o que hoje se afirma e o que efetivamente ocorreu. São registros que falam por si, que não se moldam a narrativas e que evidenciam, com tranquilidade, que os fatos não aconteceram como têm sido divulgados.

Por fim, a defesa reafirma sua absoluta certeza na inocência do acusado em relação aos fatos que lhe foram imputados. Confiamos plenamente no trabalho do Poder Judiciário para a garantia do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa. Reitera, ainda, que atuará com responsabilidade, rigor técnico e total transparência, comprometida com o respeito a todas as pessoas envolvidas na investigação. Esse respeito, porém, convive com o dever ético de não permitir que acusações infundadas, distorções ou interesses alheios à verdade, se perpetuem no processo.

Fernanda Osorio e Neida Floriano – advogadas”

Denúncias continuam chegando

O caso começou com uma denúncia anônima. A partir dela, a Polícia Civil passou a identificar e convocar outras mulheres que mantiveram relacionamento ou contato próximo com o professor. Novos relatos seguem sendo analisados.

Como denunciar violência sexual ou psicológica

Mulheres que sofreram violência podem buscar ajuda em diferentes canais:

  • Delegacia da Mulher mais próxima;
  • Delegacia Online (para registrar agressões sem necessidade de comparecer presencialmente);
  • Centros de referência de atendimento à mulher;
  • Central de atendimento à mulher – Ligue 180.
Josué Garcia
Josué Garcia
Estudante de jornalismo e redator de SEO, Josué Garcia escreve sobre cotidiano.
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