A violência contra a mulher voltou ao centro do debate nacional após uma sequência de crimes brutais que tomaram conta do noticiário nos últimos dias. Casos que envolvem assassinatos, tentativas de homicídio e tortura têm gerado indignação popular e reacendido a cobrança por leis mais rígidas e punições exemplares.
Além disso, a comoção atingiu diretamente o Palácio do Planalto. Relatos de dor, revolta e descrença passaram a circular também dentro do governo, especialmente depois que episódios recentes mostraram a gravidade da situação e o impacto emocional nas famílias envolvidas. Veja vídeo a seguir.
LEIA TAMBÉM:
- Criminoso é espancado até morrer após matar mulher em assalto
- Justiça anula júri e mulher será julgada novamente pela morte de fotógrafo em Canoas
- Mulher é morta no Litoral do RS e corpo é encontrado enterrado no pátio de casa
“Nem a morte é suficiente”, diz Lula em discurso ao comentar pena para homens que matam mulheres
Foi nesse contexto que o presidente Lula e o termo “pena de morte” passaram a ser citados na mesma frase. Durante um discurso em Ipojuca, em Pernambuco, Lula fez uma declaração que repercutiu em todo o país ao comentar os crimes de feminicídio:
“Porque, pensando bem, não existe pena para punir um cara desse, porque até a morte é suave.”, afirmou.
A fala foi feita durante um evento oficial que marcou o início das obras de ampliação da Refinaria Abreu e Lima. No entanto, o discurso desviou do tema econômico quando o presidente decidiu abordar os crimes que, segundo ele, revoltaram sua família. Lula contou que a primeira-dama, Janja, chorou ao assistir às reportagens sobre os casos mais recentes.
Em tom inflamado, o presidente questionou a eficácia das leis atuais para lidar com criminosos que cometem atos tão extremos. Para ele, o Código Penal não acompanha a gravidade da violência praticada contra mulheres, especialmente em situações em que há requintes de crueldade e histórico de agressões.
Entre os casos citados por Lula estão crimes ocorridos principalmente em São Paulo e no Nordeste. Um deles envolveu um homem que atirou diversas vezes contra a companheira dentro do local de trabalho dela. Em outro episódio, uma mulher foi atropelada e arrastada por cerca de um quilômetro, sofrendo amputações nas pernas. No Recife, uma grávida e seus quatro filhos morreram após o companheiro atear fogo na casa.
Embora tenha mencionado a “pena de morte” de forma crítica e simbólica, Lula deixou claro que sua intenção não foi defender a medida legalmente, mas sim demonstrar a gravidade dos crimes. O presidente enfatizou que, na visão dele, nem as penas atuais e nem punições extremas são suficientes para reparar o dano causado às vítimas e às famílias.
O discurso também teve um apelo direto aos homens. Lula convocou um movimento nacional de conscientização masculina, pedindo que pais ensinem seus filhos a respeitar mulheres e que os próprios homens se tornem agentes ativos contra a cultura da violência.
“homem não nasceu para bater em mulher, para estuprar criança ou fazer violência.”, declarou.
Atualmente, o feminicídio é classificado como crime hediondo no Brasil e pode resultar em penas que variam de 12 a 30 anos de prisão. Mesmo assim, os números apontam que a violência de gênero segue em alta, indicando falhas não apenas na punição, mas na prevenção.
Por fim, a fala que ligou Lula e pena de morte segue repercutindo nas redes sociais, dividindo opiniões e reacendendo o debate sobre a eficácia das leis, o endurecimento das penas e o papel da sociedade na mudança de comportamento. Para o presidente, o problema é mais profundo do que jurídico: trata-se de uma crise moral e cultural que precisa ser enfrentada com urgência.


