O medo voltou a circular pelas ruas. Em muitas cidades do Rio Grande do Sul, basta o céu fechar para a população começar a olhar para o nível da água, os rios e as encostas. Desde a tragédia que devastou o estado em 2024, a sensação é de que o perigo nunca mais foi embora.
Mesmo em dias de sol, a pergunta agora é outra: e se acontecer de novo? Moradores e comerciantes vivem em alerta e famílias dormem com documentos separados, prontas para sair às pressas se for necessário.
Agora, esse temor ganhou uma base ainda mais concreta.
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Um novo estudo confirma o risco iminente no RS
Um levantamento técnico recém-divulgado pelo governo do Estado aponta que o RS em risco de enchente é uma realidade permanente, e não um episódio isolado. O documento mapeou áreas vulneráveis em todo o território gaúcho e revelou que milhares de famílias seguem vivendo em regiões ameaçadas por cheias, alagamentos e inundações.
O material analisou relevo, histórico de enchentes, proximidade de rios, padrão urbano e mudanças climáticas. O resultado é direto: o risco permanece elevado mesmo sem eventos extremos imediatos.
Além disso, o estudo identificou que parte dos municípios afetados em 2024 continua altamente exposta a novos desastres, especialmente em zonas ribeirinhas e bairros construídos em áreas naturalmente alagáveis.
Mapa revela cidades mais vulneráveis

O levantamento traça um verdadeiro “raio-x” do RS e expõe as regiões mais frágeis:
- Vales e regiões próximas a rios principais
- Áreas urbanas com drenagem deficiente
- Bairros abaixo do nível dos cursos d’água
- Regiões com ocupações irregulares
- Municípios com solo de alta saturação
Enquanto isso, especialistas alertam que o avanço das chuvas intensas e a repetição de eventos extremos aumentam drasticamente a chance de novas ocorrências.
Canoas está entre as regiões mais preocupantes

Entre os municípios em destaque negativo surge um nome que não passa despercebido: Canoas.
A cidade aparece como uma das zonas mais críticas no mapa de risco, devido à combinação de:
- alto nível urbano,
- proximidade com o Rio dos Sinos,
- histórico recente de alagamentos severos,
- e vulnerabilidade habitacional.
De acordo com o estudo, bairros baixos e áreas próximas a cursos d’água permanecem como pontos de risco imediato, especialmente em episódios de chuva volumosa em curto período.
Além disso, a análise indica que sem obras estruturais profundas, o risco de novas enchentes não pode ser descartado — mesmo em períodos fora da chamada “temporada de chuvas”.
Por que o risco continua mesmo sem chuva forte?

Muita gente acredita que a tragédia só acontece quando chove demais. No entanto, o estudo alerta: o solo ainda está fragilizado.
Ou seja:
- encostas seguem instáveis,
- estruturas de drenagem continuam comprometidas,
- e o nível de absorção da terra está reduzido.
Com isso, mesmo volumes aparentemente baixos de chuva podem causar alagamentos rápidos.
Além disso, o documento destaca que o avanço desordenado das cidades e as mudanças climáticas tornam o cenário ainda mais imprevisível.
O que pode mudar daqui para frente?
Segundo o levantamento, o Estado precisa agir em quatro frentes:
- Mapeamento contínuo das áreas de risco
- Obras emergenciais de drenagem e contenção
- Políticas de reassentamento de famílias vulneráveis
- Sistemas de alerta mais rápidos e precisos
Enquanto isso, a população segue na linha de frente da incerteza.
Alerta não é para entrar em pânico, é para se preparar
O estudo não afirma que uma nova enchente vai acontecer amanhã. Porém, ele deixa claro que ela pode acontecer novamente se nada mudar.
Por isso, autoridades defendem que o momento não é de medo, mas de prevenção.
Em outras palavras: o risco agora é conhecido. Ignorá-lo, não é mais uma opção.
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