A formação de um ciclone no RS tem deixado moradores de Canoas em estado de alerta máximo. Com previsões de ventos fortes, chuva e instabilidade, a apreensão tomou conta de quem vive na cidade, especialmente após os recentes episódios de eventos climáticos extremos que atingiram o Estado.
Na Região Metropolitana, o sentimento é de medo e incerteza. Muitas famílias acompanham com atenção cada novo boletim meteorológico, temendo que o ciclone provoque novos transtornos à cidade.
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Ciclone no RS: cconstante mudança aumenta risco e imprevisibilidade
Segundo o meteorologista Cesar Lafayete, que atuou por 30 anos na Força Aérea Brasileira e hoje é um dos nomes mais conhecidos da meteorologia nas redes sociais em Canoas, o ciclone é instável e muda constantemente de comportamento.
“A área do ciclone é circular, então, ele está variando de intensidade e de dimensão. Na última previsão, no último ajuste da modelagem, ele mostrava pra gente um vento muito severo em cima e canoas e ventos menores em outras áreas.”
Essa instabilidade torna as previsões mais dinâmicas, exigindo atenção redobrada da população.
Litoral e Sul do Estado sob risco de ventos extremos
O especialista explica que o comportamento do sistema favorece ventos mais intensos em áreas próximas ao litoral e ao Sul do Estado, mas que novas regiões vêm sendo incluídas nas áreas de risco a cada atualização dos modelos meteorológicos.
“No Litoral sempre mais ativo, mais intenso. Vento muito forte em Pelotas, de 80, 100, 120 km/h chegou a reportar. Agora, o vento deu uma mudada, ele mudou de lugar, e alguns lugares que não eram contemplados com o vento, agora estão contemplados com o vento. O Estado de Santa Catarina com bastante vento e o Paraná com bastante vento de 80 a 85 até 90 km/h em algumas cidades. Então, ele está mudando e provavelmente nas outras próximas atualizações da meteorologia ele vá atualizar e vai mudar de novo a localização do epicentro do ciclone. Por que o centro do ciclone não tem vento, mas nas proximidades dele, na borda dele é o vento mais intenso, então isso deve alterar novamente hoje a noite na atualização do modelo.”
Previsão de ventos para Canoas e Região Metropolitana
Em relação ao impacto direto do ciclone em Canoas, Lafayete explica que os modelos reduziram um pouco a previsão inicial, mas o risco permanece elevado.
“Até ontem (7), a previsão para Canoas, de vento principalmente, era bastante intensa. Era 80, 85 até 90 km/h para Porto Alegre, Canoas e arredores. Nesta atualização de hoje (8), pela manhã, o modelo ‘paga’ 60, 65 até 70 km/h para Canoas, especificamente. Para as Regiões Metropolitanas, mais ao norte um pouco, Novo Hamburgo, chega a 75 km/h, então acredito que Canoas deve ficar entre 60 e 80 km/h.”
Chuva preocupa menos, mas não deixa de oferecer risco
Embora o vento seja atualmente o principal fator de preocupação, o volume de chuva também merece atenção.
“Chuva, 50, 60 mm. A chuva nunca foi um problema pra gente aqui. A chuva está mais ao Sul, concentrada na Região entre Santana do Livramento e Pelotas. Ali tem mais chuva, 100 e 120 mm ali, em 24, 36 horas. Canoas, 60 mm, acredito que não vai ser mais que isso.”
Quando o ciclone atinge seu pico em Canoas?
O meteorologista explica que o sistema já está em atuação e deve se intensificar entre terça e quarta-feira, quando migrar para o oceano.
“O ciclone já está ativo, ele está na fronteira Oeste do Rio Grande do Sul e ele vai avançar na terça-feira a noite agora ele vai ativar com mais intensidade e por isso ele vai trazer mais vento na terça e quarta-feira quando ele vai pro Litoral, pra dentro do mar e aí que ele joga umidade do mar e todo esse aporte de umidade e vento pra cima de Porto Alegre e claro, no Litoral muito mais ativo. Tem previsão de vento no Litoral à tarde de 100 km/h. Então, quarta-feira à tarde é onde ele vai ter a parte mais ativa dentro do mar e nos abandona na quinta-feira à tarde.”
Alerta de autoridades reforça clima de tensão em Canoas
Alertas da Defesa Civil e de órgãos meteorológicos indicam que a população deve permanecer em atenção, evitar áreas abertas, manter distância de estruturas frágeis e monitorar comunicados oficiais.
Com um histórico recente de tragédias climáticas no Estado, o temor em Canoas não é exagero: é reflexo de uma população que já conhece, na prática, os danos que ventos extremos e chuvas intensas podem provocar.
Quem é Cesar Lafayete
Cesar Lafayete é meteorologista aposentado da Força Aérea Brasileira, onde atuou por 30 anos. Atualmente, produz conteúdo diário sobre previsão do tempo nas redes sociais e mantém o canal Descomplicando a Meteorologia, no YouTube, com boletins e análises detalhadas sobre o clima no Brasil.


