A maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul aconteceu em maio de 2024. Mas, segundo especialistas, ela pode não ter sido a pior. Um novo levantamento revela que o Estado pode ser atingido por eventos climáticos extremos ainda mais intensos e frequentes nos próximos anos.
O alerta vem do estudo “As Enchentes no Rio Grande do Sul – Lições, Desafios e Caminhos para um Futuro Resiliente”, coordenado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) em parceria com universidades e órgãos públicos.
Os dados são preocupantes: as chuvas de maio foram as mais intensas, duradouras e abrangentes já registradas no Brasil. E as mudanças climáticas duplicaram a probabilidade de eventos desse tipo, além de tornar as precipitações até 9% mais intensas.
LEIA TAMBÉM:
- “Não será um evento rápido”: saiba por quantos dias o ciclone vai atuar sobre o RS, segundo a MetSul
- Previsão de ciclone no RS coloca Canoas em alerta; veja quando o sistema se forma e onde pode atingir com mais força
- RS em risco de enchente, diz estudo; Canoas está entre regiões críticas
RS lidera risco de novos eventos climáticos extremos
O estudo aponta que o Sul do Brasil é hoje a região mais vulnerável do país a novas cheias. As projeções indicam crescimento de até 20% na vazão máxima dos rios.
Na prática, isso significa que desastres que antes aconteciam a cada 50 anos podem ocorrer a cada apenas 10.
“Esses eventos vão se repetir. E vão se tornar cada vez mais fortes”, alerta a superintendente da ANA, Ana Paula Fioreze à gzh.
Rios podem subir ainda mais
Os pesquisadores estimam que:
- Na Serra, os rios podem subir até três metros além dos níveis históricos
- No Guaíba, o aumento pode chegar a um metro acima do que já foi registrado
Em 2024, o Guaíba atingiu 5,37 metros, a maior marca desde 1941.
Falta de preparo agravou a tragédia
O relatório revela falhas graves na prevenção e resposta ao desastre.
Cerca de 40% dos atingidos em Porto Alegre não sabiam que moravam em área de risco. Não havia plano de evacuação. Hospitais, quartéis e prédios públicos estavam em zonas antes mapeadas como inundáveis.
“A população precisa saber onde mora, quais os riscos e o que fazer quando o alerta tocar”, afirma o hidrólogo Fernando Fan, do IPH.
Além disso, o sistema de monitoramento falhou em pontos estratégicos. Estações estavam inoperantes e isso atrasou alertas e ações emergenciais.
O que pode ser feito para evitar novas tragédias
O estudo defende medidas urgentes que combinem prevenção e obras estruturais.
Medidas imediatas:
- Mapear áreas de risco
- Incluir impactos climáticos nos planos urbanos
- Reforçar monitoramento meteorológico
- Criar planos de evacuação
- Melhorar comunicação com a população
Obras previstas:
Fundo de R$ 6,5 bilhões:
- Dique em Eldorado do Sul
- Reforço no Arroio Feijó
- Contenção nos rios Sinos e Gravataí
“Sem prevenção e manutenção, as obras perdem eficiência”, alerta Fan.
O impacto de 2024
O desastre deixou marcas profundas:
- 2,4 milhões de pessoas afetadas
- 478 municípios atingidos
- 183 mortes
- 15 mil casos de leptospirose
- 50 mil desabrigados
- Deslizamentos em massa na Serra
- Mais de 700 mm de chuva em algumas regiões do Norte do Estado
A conclusão é clara: o RS precisa agir com urgência.
Os eventos climáticos extremos deixaram de ser exceção. Eles estão se tornando regra.
PRA CONTINUAR LENDO: Clique aqui e tenha acesso ao estudo completo com todos os dados técnicos.

