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19 de dezembro de 2025

Empresas entram em falência no RS após dívidas milionárias

Duas empresas tradicionais do RS entraram em falência e expuseram um cenário financeiro que poucos conheciam. Os bastidores agora vêm à tona.

Mercado gaúcho é surpreendido por novos pedidos de falência

Duas empresas tradicionais do Rio Grande do Sul chamaram a atenção do mercado ao anunciarem a falência após acumularem dívidas milionárias. As informações foram confirmadas pelos escritórios de advocacia responsáveis pelos processos, revelando dificuldades financeiras que vinham se agravando nos bastidores.

Os casos envolvem setores distintos da economia gaúcha, mas expõem um ponto em comum: a incapacidade de manter as operações diante do aumento dos custos, queda de produção e endividamento crescente.

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Empresas em falência no RS expõem cenário crítico

A partir dos processos protocolados, ficou confirmado que empresas em falência no RS enfrentaram um quadro financeiro considerado irreversível. As decisões marcam o encerramento formal das atividades e o início do pagamento de credores sob supervisão judicial.

Os pedidos de autofalência foram apresentados pelas próprias companhias, conforme prevê a legislação, quando não há mais viabilidade econômica para continuidade das operações.

Calçadista acumula mais de R$ 18 milhões em dívidas

A primeira empresa é a fabricante de calçados Mulher Sofisticada, localizada em Três Coroas, na Região Metropolitana de Porto Alegre. A companhia encerrou suas atividades e deve protocolar o pedido de autofalência após acumular dívidas que ultrapassam R$ 18,3 milhões, segundo o escritório de advocacia que conduz o processo.

Fundada em 2012, a empresa chegou a produzir cerca de 3,7 mil pares de calçados femininos por dia para grandes marcas nacionais. Nos meses que antecederam o fechamento, no entanto, a produção caiu para aproximadamente 1,5 mil pares diários, refletindo a crise financeira.

Fechamento afeta diretamente 77 trabalhadores

A fábrica empregava 77 trabalhadores, todos prestes a ser desligados após o encerramento das atividades. O presidente do Sindicato dos Sapateiros de Três Coroas, Erni Rinker, afirmou que a deterioração financeira da empresa já vinha sendo percebida há meses.

O escritório MSC Advogados, que representa a calçadista, informou que houve tentativas de renegociação das dívidas, mas nenhuma proposta avançou. O sindicato, por sua vez, destacou que outras empresas do setor demonstraram interesse em absorver parte da mão de obra desligada.

Tradicional ervateira tem autofalência decretada pela Justiça

A segunda empresa é a Vier Indústria e Comércio do Mate Ltda., fundada em 1944. A companhia teve sua autofalência decretada pela Justiça, que determinou o início do processo falimentar, a nomeação de um administrador judicial e a suspensão de todas as execuções em andamento.

A própria empresa solicitou a autofalência, alegando impossibilidade de continuar operando. Segundo os autos, as atividades foram encerradas em setembro de 2024.

Crise envolve matéria-prima, custos e problemas estruturais

Entre os fatores que agravaram a situação da Vier estão a falta de matéria-prima, provocada pela substituição dos ervais por lavouras de soja, além do aumento dos custos de insumos e transporte. Também pesaram problemas de saúde do sócio-administrador, falecido em 2020, o endividamento acumulado e um incêndio ocorrido na sede da empresa em 2012.

Ao analisar o pedido, o juiz responsável reconheceu o estado de insolvência, mas destacou que a empresa ainda possui fontes de receita.

Marca continuará no mercado apesar da falência

Mesmo com a falência decretada, a marca Vier seguirá presente no mercado. Isso ocorre devido a um contrato firmado em 2024, que prevê o arrendamento da marca por 30 anos à empresa Rei Verde, de Erechim.

O acordo garante a continuidade da produção, envase e distribuição da erva-mate, especialmente na Região Metropolitana de Porto Alegre, onde a marca possui maior reconhecimento.

Recursos serão usados para pagar credores

Segundo o administrador judicial da massa falida, André Estevez, o contrato determina que 3% da receita obtida com as vendas da erva-mate Vier seja repassada mensalmente à massa falida. Esses valores, somados à venda de bens da antiga fábrica, serão utilizados para quitar dívidas com os credores.

Com isso, os dois casos reforçam o cenário de dificuldade enfrentado por empresas em falência no RS, mesmo aquelas com tradição e forte presença no mercado.

Guilherme Galhardo
Guilherme Galhardo
Estudante de jornalismo, apaixonado pela cultura POP, luta-livre, games, séries e filmes. Entusiasta de meteorologia e punk rocker nas horas vagas.
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