Uma grande empresa do setor de telecomunicações declarou falência e anunciou a demissão de quase 5 mil funcionários, provocando forte reação sindical e ampliando as incertezas sobre o futuro de operações ligadas à Oi no Brasil.
A Serede, subsidiária da Oi responsável por serviços de manutenção de rede, confirmou a rescisão dos contratos de aproximadamente 4,8 mil trabalhadores após a decretação de sua falência na última sexta-feira (19). O comunicado oficial foi divulgado nesta segunda-feira (22) pela administradora judicial Tatiana Binato.
Com a decisão judicial, a empresa passa a atuar formalmente como Massa Falida da Serede, o que implica a interrupção total de suas atividades.
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Demissão em massa ocorre às vésperas do Natal
A dispensa coletiva acontece em um dos períodos mais sensíveis do ano e atinge diretamente milhares de famílias brasileiras, que dependiam da renda gerada pela empresa. No comunicado, a administração informou que, com a falência, a companhia está legalmente impedida de manter operações ou dispor de bens sem autorização judicial.
Créditos trabalhistas entram na fila da falência
Segundo a Massa Falida, todos os créditos trabalhistas — como salários, férias, horas extras, verbas rescisórias e FGTS não recolhido, passam a ter natureza de créditos concursais.
Isso significa que os valores devidos aos trabalhadores:
- Entram na ordem de prioridade da Lei de Falências
- Não possuem prazo definido para pagamento
- Dependem da disponibilidade de recursos no processo falimentar
A empresa orientou os ex-funcionários a sacarem o FGTS, informando que a própria sentença de falência serve como documento hábil. Para os demais valores, recomenda-se a habilitação dos créditos no processo de falência ou o acionamento da Justiça do Trabalho.
Devolução imediata de bens da empresa
A Serede também determinou a devolução imediata de todos os bens corporativos, incluindo:
- Ferramentas e equipamentos técnicos
- Notebooks e celulares
- Veículos
- Equipamentos de proteção individual (EPIs)
A empresa alertou que a não devolução injustificada pode gerar responsabilização legal, conforme a legislação falimentar.
Sindicatos reagem e denunciam impacto social
As federações nacionais de trabalhadores em telecomunicações, FITRATELP, FENATTEL e FITTLIVRE, divulgaram nota conjunta classificando a medida como uma “afronta aos direitos sociais”.
Para os sindicatos, a decisão ignora o impacto humano da demissão de quase cinco mil trabalhadores e acelera a destruição de valor da empresa, dificultando até mesmo a condução da própria falência.
O presidente da FITRATELP, João de Moura Neto, afirmou que a demissão de 100% do efetivo foi um erro estratégico grave, com consequências irreversíveis.
Risco à operação da Oi e a serviços essenciais
As entidades sindicais alertam ainda que parte dos trabalhadores desligados atuava em serviços críticos, incluindo demandas da Oi Soluções. A interrupção abrupta pode comprometer a manutenção da infraestrutura de telecomunicações, afetando serviços essenciais em diversas regiões do país.
Trabalhadores empurrados para a “fila infinita” da Justiça
Para os sindicatos, orientar os funcionários a habilitarem seus créditos no processo falimentar equivale a colocá-los no fim de uma fila longa e incerta, enquanto a Oi, como tomadora dos serviços, permanece sem assumir imediatamente sua responsabilidade subsidiária.
O clima entre os trabalhadores é de insegurança e apreensão, especialmente pelo impacto financeiro no fim de ano e início de 2026.

