Nas últimas semanas, relatos nas redes sociais apontaram um aumento no valor das corridas por aplicativos de transporte do Uber e 99 em diferentes regiões do país.
Usuários destacaram a elevação do preço dinâmico em plataformas como Uber e 99, além de mencionarem que trajetos curtos passaram a custar mais do que o padrão observado anteriormente.
Diante das reclamações, o Procon Paulistano, órgão de defesa do consumidor da cidade de São Paulo, notificou as duas empresas para que explicassem as “possíveis alterações” nos valores cobrados pelas corridas. O objetivo é esclarecer os critérios utilizados na formação dos preços.
Segundo o Procon, a prática pode configurar violação ao artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor, que trata da transparência e da modicidade das tarifas. Para o órgão, a ausência de justificativas claras pode caracterizar abuso na cobrança.
“A imposição de preços desproporcionais, sem justificativa técnica ou econômica clara, pode caracterizar prática abusiva”, escreveu o Procon Paulistano.
O pedido de informações foi encaminhado no dia 12 de dezembro, com prazo de resposta até o dia 22. A EXAME informou que entrou em contato com o Procon para saber se Uber e 99 responderam à notificação e aguarda retorno.
Os números oficiais reforçam a percepção dos usuários. Dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE, mostram que o transporte por aplicativo foi o item com maior aumento em 2025.
No acumulado do IPCA-15 entre janeiro e dezembro de 2025, o serviço registrou alta de 45,38%. O impacto varia conforme a região: na Região Metropolitana de São Paulo, o aumento chegou a 35,81%.
Já na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, a elevação foi de 49,51%. Porto Alegre apresentou a maior variação do país, com 74,76%. Brasília também teve alta expressiva, de 64,26%.
Outras regiões metropolitanas também registraram aumentos significativos, como Fortaleza (33,27%), Recife (47,23%), Salvador (41,10%) e Belo Horizonte (30,98%). Apenas na prévia da inflação de dezembro, a alta foi de 9%.
Posicionamento das empresas
Procuradas pela EXAME, Uber e 99 informaram que se manifestam por meio da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec).
Em nota, a entidade explicou que os aplicativos utilizam modelos que buscam equilibrar a demanda dos usuários com a quantidade de motoristas disponíveis, o que pode resultar em variações nos valores das corridas.
Confira a nota na íntegra:
NOTA AMOBITEC
A Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) informa que as associadas operam modelos de negócio que buscam equilibrar as demandas dos usuários por viagens com a oferta de motoristas circulando.
O preço das viagens é influenciado por fatores como o tempo e distância dos deslocamentos, categoria do veículo escolhido, nível de demanda por corridas no horário e local específicos, entre outros. A depender destes fatores, os valores podem ter variação dinâmica e alinhados com as estratégias comerciais de cada plataforma para manter o equilíbrio e a competitividade no mercado no qual atuam.

