Da redação | A Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre emitiu alerta epidemiológico à rede de serviços de saúde da cidade para enfatizar aos profissionais do setor a importância de estarem atentos aos sinais e sintomas compatíveis com a leptospirose em todos os atendimentos prestados, em especial nas áreas em que foram detectados alagamentos ou acúmulo de água devido às fortes chuvas e inundações que ocorrem em Porto Alegre e Região Metropolitana nos últimos dias.
O médico da SMS Benjamin Roitman lembra que a leptospirose é um agravo de ocorrência sazonal. “Em meses mais chuvosos, com temperaturas mais elevadas e contato da população com alagamentos ou enxurradas, a incidência aumenta e, da mesma forma, diminui em períodos de maior seca ou frio. As condições de saneamento ambiental também são determinantes para o aparecimento da doença”, enfatiza o coordenador da Equipe de Vigilância de Doenças Transmissíveis da Vigilância em Saúde.
Porto Alegre monitora e identifica os locais prováveis de contaminação para leptospirose desde 1995 e, além das áreas já identificadas de risco como a região do Partenon, a região do Arquipélago passou a incorporar estas áreas, uma vez que os alagamentos são frequentes, com áreas que permanecem inundadas por vários dias após as chuvas intensas e inúmeros moradores realizam a reciclagem de lixo, favorecendo a presença de roedores e o contato com a água e lama contaminadas. Em junho passado a SMS também emitiu alerta epidemiológico à rede de saúde da Capital.
Casos registrados
De acordo com os dados mais recentes da vigilância da leptospirose, entre 2012 e 2017 foram confirmados na Capital 207 casos da doença. Nos últimos três anos, incluindo 2017, os números são de 54 em 2015, 36 em 2016 e neste ano, até o mês de agosto, foram confirmados 35, sendo maior incidência detectada no bairro Arquipélago (cinco casos), Sarandi (quatro) e Ruben Berta, Lomba do Pinheiro e Cel. Aparício Borges com três confirmações cada. O número total de óbitos entre 2012 e 2017 chega a 21 (2012 e 2013 três mortes; 2014, quatro; 2015, sete óbitos; 2016, um óbito; e, em 2017, três óbitos).
A leptospirose é doença infecciosa causada por uma bactéria chamada leptospira, presente na urina de ratos e outros animais, e que é transmitida ao homem através de água contaminada. Em situações de enchentes e inundações, a urina dos ratos, presente em esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama. Qualquer pessoa que tenha contato com a água das chuvas ou lama contaminadas poderá se infectar. As leptospiras presentes na água penetram no corpo humano pela pele, principalmente se houver algum arranhão ou ferimento. Também há preocupação com o risco de hepatite viral do tipo A, cuja contaminação ocorre através de ingestão de água ou alimentos contaminados, especialmente crianças e adolescentes.
Por isso, qualquer pessoa que apresentar febre, dor de cabeça e dores no corpo alguns dias depois de ter entrado em contato com as águas de enchente ou esgoto, deve procurar imediatamente ou ser levada ao serviço de saúde mais próximo.
Prevenção
Para prevenir a doença, deve-se evitar o contato com água ou lama de enchentes. Pessoas que trabalham na limpeza de lamas, entulhos e desentupimento de esgoto se recomenda o uso de botas e luvas de borracha. Caso não seja possível, a alternativa é a utilização de sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés. Após a limpeza do local afetado por inundação, é indicado o uso de hipoclorito de sódio a 2,5% (água sanitária).
O produto mata as leptospiras e deverá ser utilizado para desinfetar reservatórios de água (um litro de água sanitária para cada mil litros de água do reservatório), locais e objetos que entraram em contato com água ou lama contaminada (um copo de água sanitária em um balde de 20 litros de água). Importante lembrar que durante os processos de limpeza e de desinfecção de locais onde houve inundação, deve-se também proteger pés e mãos do contato com a água.