FOTO: Waldemir Barreto/Agência Senado
Da redação | A senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) aceitou ser vice do pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin.
Ela havia sido convidada pessoalmente pelo ex-governador paulista durante um encontro na sua residência, na quarta-feira. Segundo fontes próximas, no entanto, ela teria condicionado o “sim” definitivo à concordância dos progressistas no Rio Grande do Sul: “A minha aceitação depende de bater o martelo no Estado, de acertos após fechar todos os acordos com o nosso partido”.
O comando do PSDB já avisou ao ex-governador que, se Ana Amélia for à escolhida para sua vice, será mediante “cota individual”, sem entrar na divisão de cargos do partido.
Dentro do partido
O nome de Ana Amélia não é consenso em seu partido e também entre siglas do chamado “Centrão”. Embora Ciro Nogueira diga não haver veto à gaúcha, correligionários reconhecem a total falta de entrosamento entre a senadora e a cúpula do partido. Aliados de Nogueira também dizem haver preocupação com uma eventual perda de poder da ala nordestina do PP.
Além da presidência da legenda com o senador do Piauí, cabe ao paraibano Aguinaldo Ribeiro a liderança do governo na Câmara dos Deputados, e ao alagoano Arthur Lira a liderança do PP na Casa. Outra preocupação é que, ao levar um quadro do partido para a Vice-Presidência, Alckmin queira diminuir o espaço que o PP tem hoje na Esplanada dos Ministérios.
A sigla domina atualmente as pastas de Saúde, Agricultura e Cidades, além da Caixa Econômica Federal. Integrantes da bancada do partido dizem ironicamente que Ana Amélia tem que ser tratada como cota pessoal do tucano.
Aposta
Durante a pré-campanha, Alckmin manifestou mais de uma vez o desejo de ter uma mulher como vice. Em um recente evento fechado com empresários paulistas, ele convidou para a vaga, ainda que em tom de brincadeira, a empresária Luiza Trajano (dona da rede de varejo Magazine Luiza).
Ana Amélia contava com a preferência de Alckmin dentre as opções cogitadas nos últimos dias, após a recusa do empresário Josué Gomes (PR). A senadora tem influência junto a ruralistas, setor em que o tucano perdeu espaço para o adversário Jair Bolsonaro (PSL-RJ), líder nas pesquisas em cenários sem a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A chegada da senadora – cuja base eleitoral é o Rio Grande do Sul – na chapa de Geraldo Alclmin também alimenta expectativas do pré-candidato no que se refere à sua performance na Região Sul, que já foi um reduto seguro de votos para o PSDB, mas neste ano enfrenta a concorrência de Jair Bolsonaro e do senador paranaense Álvaro Dias, ex-tucano e que se apresenta como pré-candidato do Podemos.
Mudanças no Rio Grande do Sul
O acerto tem influência direta também no cenário eleitoral no Rio Grande do Sul, com o deputado Luis Carlos Heinze indo para a disputa ao Senado na coligação de Eduardo Leite (PSDB), que pleiteia o Piratini.