Foto: Ulbra/Divulgação
Da redação | Mais de 50 pessoas, entre funcionários e professores, podem perder o emprego no final de 2019, em Canoas. Eles trabalham nas duas escolas da Ulbra que tiveram o fechamento confirmado na cidade.
Entre eles, o clima é de preocupação. Uma funcionária da Escola São Marcos, que prefere não ser identificada, relatou que assim que a equipe recebeu a notícia, todos se desesperaram. “A gente sabia da crise que a empresa vinha enfrentando. Porém, não imaginávamos que uma escola de tradição com a nossa, seria fechada para tentar solucionar o problema. Não sabemos o que fazer”.
Fechamento
A Aelbra, mantenedora da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) decidiu fechar quatro escolas. Pais, professores e funcionários já estão sendo comunicados do encerramento das atividades em 31 de dezembro de 2019.
As quatro escolas, juntas, têm 741 alunos. Elas ficam no Rio Grande do Sul e no Amazonas. Além disso, empregam 117 pessoas, entre professores e funcionários administrativos.
“A Rede Ulbra de Educação lamenta ter de recorrer a essa medida. Apesar de todos os esforços, as quatro escolas continuaram deficitárias por mais de cinco anos. Ciente do impacto que esta decisão traz para as famílias a que as escolas serviram, a Instituição reforça o compromisso de cumprir integralmente o ano letivo, sem prejuízo aos alunos e seus pais e responsáveis”, afirma a mantenedora por meio de nota.
Confira as escolas que serão fechadas:
1. Escola Fundamental Ulbra Paz (Canoas/RS)283 alunos
28 funcionários, incluindo professores
2. Escola Fundamental Ulbra São Marcos (Canoas/RS)154 alunos
26 funcionários
3. Colégio Ulbra São Mateus (Cachoeirinha/RS)162 alunos
34 funcionários
4. Colégio Ulbra Concórdia Manaus (Manaus/AM)142 alunos
29 funcionários
Atualmente, a instituição tem 15 escolas. Procurada, a Aelbra informou que a decisão foi tomada dentro do plano de reestruturação, já que essas unidades são consideradas deficitárias e que causam prejuízo há mais de cinco anos.
Pedido de recuperação
A Aelbra ajuizou na última sexta-feira (21) um novo recurso para autorização da recuperação judicial. A ação tenta reverter à decisão do juiz Marcelo Lesche Tonet, da 4ª Vara Cível da Comarca de Canoas, que indeferiu o pedido. Agora, o Tribunal de Justiça vai avaliar o caso.
No texto do recurso, a instituição reforça que a recuperação judicial não beneficiará não apenas a Ulbra, mas também os credores. Argumenta que o mecanismo, usado para evitar a falência de empresas, permitirá a quitação das dívidas de forma mais organizada, segura e viável.
O pedido de recuperação judicial da Ulbra foi ajuizado inicialmente no dia 6 de maio. A solicitação englobava dívidas financeiras, com fornecedores e trabalhadores. O montante chega a R$ 2,4 bilhões. Outros R$ 5,8 bilhões são as dívidas tributárias, fazendo com que o endividamento total da empresa supere R$ 8,2 bilhões.
Como começou a crise?
De acordo com a administração da Ulbra, os problemas começaram com investimentos superiores a R$ 1 bilhão que não foram feitos em educação e acabaram não gerando retorno. As dívidas ultrapassaram, por exemplo, a capacidade de pagamento que a universidade tinha.
Em um dos capítulos da crise, está o afastamento do então reitor, em 2008, Ruben Becker, que em 2018 foi condenado por lavagem de dinheiro.
Serviços oferecidos pela Ulbra na educação
A Rede Ulbra de Educação tem 42.813 alunos no Brasil, divididos nas categorias de Ensino Superior, Educação a Distância e Educação Básica. No Rio Grande do Sul, são 25.068 alunos.
São oferecidos 92 cursos de Ensino Superior. No Sul, há nove campi, em Cachoeira do Sul, Canoas, Carazinho, Gravataí, Guaíba, Porto Alegre, Santa Maria, São Jerônimo e Torres. As outras operações ficam em Itumbiara (GO), Manaus (AM), Palmas (TO) e Santarém (PA).
Na Educação Básica, são seis colégios e três escolas em municípios do Rio Grande do Sul. No Norte e no Centro-Oeste do país, há outros seis colégios da Rede Ulbra.