Homem com coronavírus morre em UPA de Canoas; família questiona falta de leito de UTI

Alexandre deu entrada na unidade de saúde com falta de ar, mas faleceu enquanto a família lutava para conseguir um leito de UTI

Bruno Luiz Siqueira, 30 anos, não está apenas enlutado pelo falecimento do pai, Alexandre Mendes Siqueira, 53, que morreu na madrugada desta sexta-feira (26) de infecção por coronavírus. Um desabafo nas redes sociais mostra seu descontentamento com o triste desfecho. Bruno compartilhou o drama que viveu durante os últimos momentos que teve com o pai.

Morador do bairro Nossa Senhora das Graças, Alexandre foi internado no hospital de campanha UPA da Av. Boqueirão, no bairro Guajuviras. Segundo o filho, deu entrada às 15h de quinta-feira (25) com falta de ar. De acordo com o relato, às 18h, os médicos concordaram que era necessário entubá-lo, mas o procedimento teria de ser feito em um leito de UTI.

Bruno conta que o leito que o pai precisava não estava disponível em Canoas e na região, restando a opção de aguardar por uma vaga. A UPA, diz ele, não tinha equipamentos para efetuar a entubação, pois o pai demandaria de uma entubação com uso de vídeo ou uma traqueostomia.

“Ligações pra políticos, uns querendo saber dos tais leitos da Ulbra, outros buscando alternativas em cidades da serra, interior e até litoral, ligações para hospitais particulares (30 mil reais de caução para começar o atendimento), alguns tentando ajudar, outros me informando que as 8h de hoje dariam jeito”, escreveu Bruno.

Entretanto, o pai acabou sendo vencido pela doença às 02h29 dessa sexta. Alexandre sofreu uma parada cardiorrespiratória. Publicou o filho que ele foi atendido por uma unidade do Samu dentro do hospital de campanha. No atestado de óbito, a causa da morte foi uma infecção por coronavírus. A tão esperada vaga até surgiu, mas tarde demais, às 08h.

Para a Agência GBC, Bruno disse que a família não chegou a receber apoio ou acompanhamento da prefeitura.

O QUE DIZ A PREFEITURA

Procurada pela reportagem, a Secretaria da Saúde de Canoas informou que abriu um procedimento para analisar a condução do atendimento, “realizado por instituição contratada para prestar os serviços médicos na unidade temporária”. A pasta ressaltou que está comprometida a não medir esforços para esclarecer os fatos e já entrou em contato com a família. “Manifestamos nossa solidariedade aos familiares e amigos”, conclui nota da prefeitura.

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