Dois alvos da Operação To Go – deflagrada pela Polícia Civil nesta quinta-feira (3) – já estavam presos. Eles eram detentos da Penitenciária Modulada de Montenegro e a Estadual de Charqueadas. Eles eram gerentes do tráfico de Esteio.
O papel deles era de negociar para um traficante distribuidor se encontrava com o fornecedor para receber o malote das drogas. Depois, essa droga era fracionada e distribuída para a venda.
Um dos traficantes recrutou a sogra. Ela foi pega na Vila Olímpica. Segundo as informações apuradas pela reportagem de Agência GBC a presa – que não teve o nome divulgado por causa da lei de Abuso de Autoridade – administrava, junto com a filha, a contabilidade da tele-entrega de drogas chefiada pelo genro que está no sistema prisional.
Apenas ela foi presa e disse que não sabia de nada, nem onde estava a filha.
Tele-entrega de drogas ganhou força
Conforme a delegada Luciane Bertoletti – titular da Delegacia de Esteio –, com a pandemia, os criminosos aumentaram as vendas por meio da tele-entrega e diminuíram a comercialização em tradicional pontos fixos de tráfico. Para vender, eles começaram a migrar para aplicativos de corrida e de entrega de comida. “Por causa do coronavírus, a aglomeração ia chamar a atenção dos policiais”, contou.
Os criminosos se organizaram da seguinte maneira: adquiriram veículos e recrutaram novos traficantes que, na maioria, são motoristas e motoboys. Eles também compraram máquinas de cartão de crédito para facilitar o pagamento.
Os entregadores de drogas atuavam fingindo serem apenas motoristas de aplicativos ou empregados de empresas prestadoras de serviços. Em alguns casos, eles usavam até uniformes de empresas para disfarçar a atividade criminosa. Os líderes da organização criminosa pediam para que eles utilizassem veículos antigos e simples para não chamar a atenção dos policiais e até de traficantes rivais.
Expansão dos negócios
Além dos aplicativos, eles começaram a comercializar também pelo WhatsApp. Na plataforma, a investigação apurou os traficantes tinham até 3 mil clientes. Para se ter uma ideia, em 10 dias de abril, eles lucraram com um dos distribuidores, cerca de R$ 23 mil. No mesmo período, o outro distribuidor lucrou mais de R$ 2 mil ao dia. Por mês, o faturamento passava da casa dos R$ 100 mil.
Com a venda de drogas aumentando, os criminosos resolveram comprar armas e munições. O principal fornecedor foi preso em Sapucaia do Sul durante a operação.
No mesmo período, a facção recrutou novos membros de outra organização criminosa já que um dos líderes dela acabou sendo transferido para um presídio fora do Rio Grande do Sul. Para atrair eles ofereciam comissão de até 20% nas vendas e um veículo.
Contexto da ação
Foram cumpridas 29 ordens judiciais, sendo oito mandados de prisão, oito de recolhimento de veículos e 13 de busca e apreensão. Sete criminosos foram presos. “Essa é a maior ação contra a tele-entrega de drogas na Região Metropolitana”, afirmou o diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana (2ª DPRM), delegado regional Mário Souza.