Polícia recebeu denúncias de que acusado de estuprar crianças em Canoas poderia fugir

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A Polícia Civil confirmou na manhã desta segunda-feira (8) a prisão do homem suspeito de estuprar crianças dentro de um condomínio no bairro Harmonia, em Canoas. A informação foi divulgada durante uma entrevista coletiva na sede da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana (2ª DPRM).

Segundo o delegado Pablo Queiroz Rocha, titular da Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente (DPCA), foram 50 dias de investigação. O mandado de prisão preventiva contra o investigado foi obtido pela polícia e ele se apresentou na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento de Canoas no último domingo (7) acompanhado de um advogado de defesa.

O homem é investigado por três estupros de crianças. “Ele está em um presídio que não podemos divulgar. Isso não é um tratamento especial. Isso é de praxe em crimes sexuais contra as crianças”, conta o delegado Mário Souza, diretor da 2ª DPRM.

Ao longo da investigação, o delegado Rocha ressalta que foram recebidas diversas denúncias, inclusive de planos de fuga. “Não posso confirmar que ele planejava fuga. Foram várias denuncias investigadas. O que posso dizer é que ele colaborou com a investigação”, afirma Rocha.

O investigado ainda não foi escutado oficialmente. Porém, de acordo com o titular da DPCA, os relatos das três vítimas são muito semelhantes. “São relatos de pessoas que não conversaram entre si. Essa terceira vítima nem está no mesmo grupo dessas crianças do condomínio. Seria impossível para uma criança criar uma história dessas.”

Procurada, a defesa do advogado informou que se pronunciará em entrevista coletiva no fim da tarde.

Entenda o caso

O empresário Juliano Fontana foi o primeiro a denunciar no caso. Pai de uma menina de 9 anos, ele descobriu que a filha sofria abusos há quatro anos. “Ela contou para uma amiguinha na escola. Depois disso, a direção nos chamou e nos contou o ocorrido”, conta.

Juliano e a família tinham uma relação de amizade com o acusado há mais de 10 anos. “Chegamos a viajar juntos para Santa Catarina.” Ele conta que os abusos só tiveram um fim quando a criança descobriu que o que estava acontecendo era errado. “Ela ia na casa para brincar com o filho dele. Um dia, ele tentou levar ela para o quarto e ela deu um tapa na cabeça dele”, relata ao ressaltar o que sentiu quando descobriu o crime. “Descobrimos há mais de um mês e o delegado pediu para mantermos a maior descrição possível para não alertar ninguém.”

Com o avançar da investigação, Juliano procurou Sheila Breitembach, que tem uma filha de oito anos. “A filha dela fazia parte do mesmo círculo de amizade do filho dele e da minha.” A advogada esperou a filha chegar em casa e fez o questionamento. “Ela me contou detalhes. A minha filha disse que ele botava a mão por dentro da calça e botava ela no colo dele.”

Sheila destaca que nunca desconfiou da conduta do acusado e da família dele. “Era uma família de confiança que nós conhecíamos aqui no condomínio há mais de 10 anos. O filho deles vivia na minha casa, nossos filhos eram amigos. A gente convivia no condomínio, tomávamos mate junto. Uma família super decente ao olho de todos que a gente podia confiar os filhos a dormir na casa deles, porque o condômino é para ser um lugar seguro, não onde tua filha é abusada.”

Manifestação

Centenas de pessoas protestaram na última sexta-feira (5) contra o advogado acusado por vizinhos e investigado pela Polícia Civil de abusar sexualmente de duas crianças dentro de um condomínio no bairro Harmonia. Todos pediam por justiça.

Bastante emocionada, Sheila recebeu abraços de amigos e diversos outros moradores de Canoas que também pedem por justiça. “O sentimento hoje é de culpa porque eu não consegui proteger minha filha.”  

Sheila conta que a filha segue a rotina normal de estudos e brincadeiras, mas que ela, como mãe, ainda está bastante preocupada com tudo isso. “Como mãe eu ainda tenho a culpa. Eu sei que é para eu não me sentir culpada, mas a gente não controla os sentimentos. O sentimento hoje é de culpa. Eu acho que eu sei que não é minha culpa.”

A manifestação durou cerca de duas horas.

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