“Prendemos o criminoso mais detalhista”, diz delegado sobre advogado pedófilo preso em Canoas

Segundo a investigação, o homem consumia pornografia infantil desde 2012

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“Prendemos o criminoso mais detalhista, cuidadoso e conseguimos identificar desde o pensamento até a conclusão do pedófilo”, afirma o delegado Pablo Queiroz Rocha – titular da Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente (DPCA) de Canoas – durante coletiva de imprensa em que ele anunciou a conclusão do inquérito sobre o caso do advogado que estuprava crianças dentro do condomínio que ele morava no bairro Harmonia.

De acordo com o que foi apurado pela investigação com o apoio do Instituto Geral de Perícias (IGP), desde 2012 o homem que está preso desde novembro, consumia vídeos de pornografia infantil. Em 2016, ele chegou a ser investigado pela Polícia Federal por manutenção de pornografia infantil. Nos aparelhos eletrônicos que foram apreendidos pela polícia, os peritos encontraram mais de 200 arquivos de vídeos de sexo com crianças e adolescentes.

Ao longo do inquérito, além de crianças, o delegado também escutou amigos do preso e da esposa. “Um amigo da época da juventude dele disse que o investigado sempre preferiu novinhas. O homem dizia para os amigos que não gostava de mulher com jeito de mulher e sim, as que tinham jeito de novinhas. Já uma amiga da esposa do investigado procurou a delegacia e disse que ficava impressionada que ele já tinha carro e andava a com a atual esposa dele que, na época, tinha apenas 11 anos.”

Os peritos do IGP também apontaram que ele pesquisava manuais de como evitar o trabalho policial e de como não machucar as crianças durante os abusos.

Esposa ficou surpresa

A esposa do preso chegou a ser investigada. Porém, no inquérito, os policiais concluíram que ela não tem participação nos crimes. “Não encontramos nada que comprove a prática dela nos crimes. Todas as provas que temos indicam que ele agia sozinho”, afirma Rocha ao ressaltar que a mulher também ficou surpresa ao saber que o marido tinha sido investigado pela PF. “Ela disse que não sabia que o marido tinha sido investigado pela Polícia Federal. Questionei se ela sabia que ele acessava pornografia infantil e ela também negou.”

Ao prestar depoimento, a esposa, conforme o delegado, precisou identificar algumas imagens dos abusos. “Ela ficou estupefata e os policiais ajudaram ela a se acalmar. Tamanho foi o impacto dela ao ficar sabendo”, ressalta.

Conclusão do Inquérito

Segundo o delegado, sete crianças foram escutadas pela policia. “Todos revelam que estavam brincando. Num dado momento da brincadeira de esconde-esconde o investigado some com uma das crianças.”

O advogado que está preso desde novembro será indiciado por quatro crimes: estupro de vulnerável; manutenção de arquivos pornográficos de crianças e adolescentes; facilitação de acesso de crianças a materiais de pornografia e fraude processual. “Eu percebi, quando anunciei que tínhamos apreendido o cartão, que ele ficou sensibilizado com isso. No inquérito, está comprovado que ele e ela conseguiram distrair os policiais para que o cartão de memória desaparecesse”, finaliza.

Entenda o caso

O empresário Juliano Fontana foi o primeiro a denunciar no caso. Pai de uma menina de 9 anos, ele descobriu que a filha sofria abusos há quatro anos. “Ela contou para uma amiguinha na escola. Depois disso, a direção nos chamou e nos contou o ocorrido”, conta.

Juliano e a família tinham uma relação de amizade com o acusado há mais de 10 anos. “Chegamos a viajar juntos para Santa Catarina.” Ele conta que os abusos só tiveram um fim quando a criança descobriu que o que estava acontecendo era errado. “Ela ia na casa para brincar com o filho dele. Um dia, ele tentou levar ela para o quarto e ela deu um tapa na cabeça dele”, relata ao ressaltar o que sentiu quando descobriu o crime. “Descobrimos há mais de um mês e o delegado pediu para mantermos a maior descrição possível para não alertar ninguém.”

Com o avançar da investigação, Juliano procurou Sheila Breitembach, que tem uma filha de oito anos. “A filha dela fazia parte do mesmo círculo de amizade do filho dele e da minha.” A advogada esperou a filha chegar em casa e fez o questionamento. “Ela me contou detalhes. A minha filha disse que ele botava a mão por dentro da calça e botava ela no colo dele.”

Sheila destaca que nunca desconfiou da conduta do acusado e da família dele. “Era uma família de confiança que nós conhecíamos aqui no condomínio há mais de 10 anos. O filho deles vivia na minha casa, nossos filhos eram amigos. A gente convivia no condomínio, tomávamos mate junto. Uma família super decente ao olho de todos que a gente podia confiar os filhos a dormir na casa deles, porque o condômino é para ser um lugar seguro, não onde tua filha é abusada.”

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