SUPERAÇÃO | Trabalho ajuda lajeadense a superar deficiências

Ele adquiriu o hábito de caminhar distâncias de até 10 quilômetros em um dia, e marca os dados no celular.

André Elmo Schwingel, 43 anos, de Lajeado, tem deficiência motora e visual desde o seu nascimento, após a complicação de um parto realizado com fórceps, e lida com as lembranças do preconceito que marcou sua juventude. Essas dificuldades o obrigam a se esforçar para avançar. Porém, o que mais lhe incomoda é ficar sem ocupação. “Folga, nem pensar”, diz.

Ele trabalha há 12 anos no centro de distribuição da Benoit, em Lajeado, onde separa notas e ajuda a organizar a logística de produtos, além de outras funções. Encontra lá o carinho e o respeito que lhe foram arrancados quando não o aceitavam em trabalhos em grupo ou o deixavam fora da educação física e de festas de aniversário. Também se orgulha ao entender que seu trabalho lá é primordial para a organização da empresa.

Na pandemia, quando ficou afastado do trabalho por três meses por ser do grupo de risco, aprendeu por conta a pintar e fazer artesanatos. Neste hobby também encontrou a paz. Guarda os trabalhos em um cantinho na garagem dos pais, que adotou como sua oficina, e distribui outros pela casa. São azulejos, quadros, potes de biscoitos e outros. Após a entrevista, André pediu carona até o Bairro Florestal, onde teria uma entrega de uma encomenda para o Dia das Mães. Para ele é um orgulho imensurável saber que seu trabalho e suas ações são valorizados.

Ele dá muita atenção para o que importa. Marca a data que ingressou na empresa e a da formatura em Comércio Exterior na Univates com o mesmo carinho que seu aniversário. Pudera: foram muitas barreiras enfrentadas para que conquistasse. André também faz questão de ressaltar o carinho que teve nos quatro anos em que frequentou a Escola Estadual Fernandes Vieira, de Lajeado, e guarda apreço em especial a duas pessoas: a professora Ione Kipper, que o considerou o melhor aluno na primeira série; e o professor de educação física, Gunther Wüst (Ceat), que lhe ensinou basquete fora do horário de aula.

Dificuldades e dores na infância

Além da coordenação afetada, o encurtamento de um tendão, e a perda de quase a totalidade da visão em um dos olhos, André precisou enfrentar duras sessões de fisioterapias na coluna, devido a uma má formação, para poder começar a andar. “Era de segunda a sexta, e por isso não via a hora de sábado chegar para me ver livre da terapia”.

Ele sente-se recompensado pelo esforço da época. Conta que já fez viagem de estudos para a Argentina e para o Chile, conquistas que só não superam o dia em que fez entrevista na Benoit. “Fui muito bem recebido e aprendi muito desde o primeiro dia”.

O esforço para caminhar mais longe e buscar novas conquistas continuam. Preocupado com a saúde mental e física, ele adquiriu o hábito de caminhar distâncias de até 10 quilômetros em um dia, e marca os dados no celular.

Apesar de os pais terem chácara em Forquetinha, onde passam os fins de semana, André prefere ficar na cidade, e se vira sozinho na casa. Prefere o agito da cidade.

“O André é muito especial”

Loiva, mãe de André, define o filho como uma pessoa muito especial e bem quisto por todos. “Ele é um filho muito especial, de muita luz. Quando sai de casa, nunca deixa de dar um beijo em mim e no pai dele e dizer que ama os pais”.

Venda de artesanato

Quem quiser encomendar peças de artesanato com André pode entrar em contato pelo telefone: 51 9303-4259

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