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Canoas
25 de julho de 2025

CANOAS | O dia em que a Rainha Elizabeth sobrevoou Canoas: verdade ou lenda urbana?

Monarca que morreu aos 96 anos nesta quinta-feira teria passado pela cidade a caminho do Uruguai em novembro de 1968

Às 16h15 do dia 1º de novembro de 1968, o avião VC-10 da Real Força Aérea Britânica aterrizava no aeroporto de Recife, em Pernambuco, para primeira etapa da única viagem da Rainha Elizabeth II ao Brasil. Após percorrer seis cidades, conhecer como eram feitas as pesquisas sobre o cultivo do café, inaugurar o Museu de São Paulo, praticar equitação e assistir a uma partida de futebol com a presença de Pelé, a monarca britânica falecida aos 96 anos na tarde desta quinta-feira, 8, deixou o país a bordo da mesma aeronave – mas com um destino ‘extra-agenda’: uma missão diplomática e pouco conhecida ao Uruguai. Antes de chegar ao país portenho, no entanto, o voo de Elizabeth teria feito um pouso técnico na Base Aérea de Canoas e é isso que, afinal, motiva este post.

O blog tentou confirmar a informação com dois brigadeiros que já comandaram a Base, mas não foi possível garantir que esse pouso, de fato, tenha ocorrido. Um deles disse que já tinha ouvido essa história no tempo de comando e que, se aconteceu, há registros detalhados nos arquivos da Aeronáutica. Acessá-los, porém, não é tarefa fácil: sem autorização expressa do alto comando em Brasília, ninguém mexe nesses papéis.

O sigilo sobre essa pouso provavelmente se deve à visita extraoficial da monarca ao Uruguai naquele distante 1968. O Britannia, o iate real que acompanhou e transportou a rainha em seus deslocamentos no Brasil, ancorou em Montevidéu no dia 12 de novembro de 1968 – no mesmo dia em que ela teria passado cerca de 12 horas na capital uruguaia. No dia 12 de dezembro, exatamente um mês depois, o presidente uruguaio Jorge Pacheco Areco, jornalista e diplomata, autorizou voos comerciais entre a capital portenha e as Ilhas Malvinas – um posto avançado do império britânico no Oceano Atlântico e motivo de uma disputa entre a Inglaterra e Argentina, décadas depois.

Naquela época, era comum que as aeronaves fizessem voos longos, como o que a rainha teria feito entre o aeroporto Santos Dummond, no Rio de Janeiro, e Montevidéu com uma escala no meio do caminho. Condições de clima implicariam nos cálculos de autonomia da aeronave e, por isso, o ‘pouso técnico’ poderia ser recomendado; não necessariamente para um conserto, mas para reposição de combustível, por exemplo. Lembrando que a Refap, que produz até hoje combustível para aviação, começou a operar oficialmente em setembro daquele ano e, portanto, poderia ter serviço ao avião real. Essa seria a razão para o sobrevoo da rainha sobre os céus de Canoas.

Um dos brigadeiros consultados pelo blog, no entanto, avalia que a história do pouso é lenda. Para ele, o VC-10 cruzaria o oceano em 1968 sem a necessidade de reabastecimento e não teria problema algum de completar uma viagem entre o Rio e Montevidéu sem escalas. “Se é que foi mesmo ao Uruguai”, comenta, pedindo apenas para ter o nome preservado. “É mais provável que ela tenha ido às Malvinas. Mesmo assim, não tenho informação de que tenha pousado em Canoas ou Porto Alegre”.

Verdade ou lenda, a curiosidade fica: será que um dos ícones mais populares do mundo, mais conhecida do que qualquer celebridade, cruzou nosso céu há 54 anos?

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