RODRIGO BECKER

Rodrigo Becker é jornalista e escreve sobre política, negócios e cidade diariamente neste espaço.

CASO JJ | MP silencia e Jairo expõe tática para o ‘Dia D’: as horas, a ansiedade, a informação e as hipóteses

Promotores da Copa Livre sinalizam manifestação à imprensa na sexta enquanto Jairo Jorge diz como será a terça em que espera encerrar seu afastamento do governo

Faltando quatro dias e algumas horas para o fim do período de afastamento do prefeito Jairo Jorge do governo, os telefones não param de pipocar mensagens e ligações de gente genuinamente curiosa. Há muita especulação e poucas certezas sobre o que vai acontecer com o comando político da cidade nos próximos dias. O blog tenta, neste post, separar o que é informação do que é hipótese na busca de traçar um cenário para o que vem por aí.

1. Jairo volta ou não volta?

A informação: juridicamente, volta. Se o Ministério Público não pedir a renovação do afastamento, em 27 de setembro Jairo Jorge pode reassumir o cargo de prefeito para o qual foi eleito em 2020. Aqui não cabe torcida nem secação: a medida que determinou o afastamento de JJ expira à meia-noite do dia 26 e só uma nova medida judicial pode determinar um novo impedimento ao prefeito.

2. O MP não vai pedir a renovação do afastamento?

Não sabemos. Os promotores que atuam na Copa Livre, notadamente Marcelo Dossena e Ricardo Herbstrith, não se manifestam sobre investigações em andamento. Só este blog já enviou seis e-mails à assessoria do MP e ao gabinete dos promotores, todos respondidos com as mesmas palavras: “Por ora o MPRS não está se manifestando sobre o caso”.

É de se esperar que o pedido de renovação do afastamento esteja na pauta do MP. Após 16 meses de investigação, quebras de sigilo de quase 30 pessoas, 18 mil páginas de documentos e degravações, não seria agora que o Ministério Público desistiria do caso JJ. No entanto, não há informação oficial sobre o pedido de renovação do afastamento. E como os promotores não falam, ainda não sabemos o porquê.

3. E não é só consultar na internet?

Não. A investigação, a denúncia e a cautelar que determinou o afastamento de Jairo Jorge, dois secretários do município e dois assessores da Prefeitura de Canoas correm, todas, em segredo de justiça. Se não for um dos envolvidos, não dá para ter acesso ao processo digital que corre na 4ª Câmara do Tribunal de Justiça do Estado.

A Câmara de Vereadores pediu e recebeu cópia do documento que, à época, formava uma calhamaço de 11 mil páginas e que subsidiou o pedido de afastamento envolvendo Jairo Jorge. E recebeu, também, cópia da denúncia apresentada pelo MP em 5 de julho referente a contratação da empresa de limpeza e copeiragem do município, resultado da primeira etapa das investigações. Tudo o mais que se sabe vem de outras fontes: provavelmente, dos próprios envolvidos, já que o MP segue silencioso sobre o andamento do inquérito e os próximos passos da denúncia.

4. Se há dúvidas, por que Jairo Jorge vai voltar?

Ele foi eleito prefeito em 2020: é um direito dele e da cidade preservar o resultado da eleição. O caso, porém, não é determinado pela vontade de um ou outro; a turbulência tem a ver com o fato de haver recursos ao alcance do Ministério Público para manter o afastamento que ainda não foram tornados públicos. Trocando em miúdos, ninguém sabe a tática do MP; pode ser que seja pedida a renovação na segunda-feira, aos ’45 do segundo tempo’, como se diz no futebol, pode ser que nem seja feito nada disso e se espere a aceitação da denúncia de 5 de julho para uma manifestação do desembargador da 4ª Câmara diretamente no processo.

5. E a tática do JJ?

Após a defesa que já entregou ao MP (foi o primeiro denunciado a fazê-lo, diga-se de passagem), Jairo Jorge conta como certa a chance de retorno ao governo na segunda. Em entrevista à Rádio Gaúcha nesta quinta-feira, 22, pela manhã, disse que receberá o público para audiências na Praça da Emancipação, bem em frente ao paço municipal.

Politicamente, reputo, é uma ótica estratégia.

Jairo pretende transformar seu retorno ao governo em um ato simbólico e público; um regresso nos braços do povo, o que recria um ambiente político favorável para a intensa disputa que acontecerá lá no Tribunal, não nas urnas, para determinar o futuro do governo.

A política canoense não é para amadores – nem para cardíacos.

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