Após quase seis meses de intervenção do Estado, o Hospital de Pronto Socorro de Canoas, o HSPC, começa esta quarta-feira, 28, sob nova direção. Trata-se do Instituto de Administração Hospitalar e Ciências da Saúde, o IAHCS. A entidade tem sede em Porto Alegre e se dedica à formação de profissionais de gestão hospitalar de nível técnico, superior e MBA desde 1981. A entidade é a sucessora do Departamento de Cursos da Associação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Rio Grande do Sul que, desde 1975, promovia formação de profissionais na área em parceria com a PUC.
Vale lembrar: a intervenção do Estado foi autorizada pela Justiça logo após a fase ostensiva da Operação Copa Livre, em 31 de março deste ano, e que resultou no afastamento do prefeito Jairo Jorge e do secretário de Saúde Maicon Lemos, entre outros servidores e assessores. O plano, na época, era manter o serviço sem descontinuidade – mas o Estado pretendia devolver o comando do Pronto Socorro ao município tão logo fosse possível uma nova contratação emergencial para gestão. É o que acontece agora, com a IAHCS.
A entidade assume por 180 dias. O contrato prevê repasses mensais na ordem de R$ 8,4 milhões. Nesse período, o governo precisa por para rua um novo edital que vai selecionar a empresa ou entidade que irá fazer a gestão do HPSC por um período que não deve ser inferior a 5 anos. Se esse período de seis meses der certo, a IAHCS pode participar da seleção da empresa definitiva. Uma vez que trabalha com formação de profissionais na área de gestão, enfermagem e até engenharia clínica, não é difícil antecipar que o interesse da entidade seja aproveitar a estrutura do Pronto Socorro como uma ‘escola’ prática para seus cursos – o que, inclusive, é o objetivo também da nova licitação que está em andamento para escolha da gestão definitiva do Hospital Universitário, o HU.
A contratação do IAHCS também encerra a ‘Era Aceni’ no Pronto Socorro de Canoas – a sucessora da Gamp em Canoas tanto na gestão em saúde como nos escândalos em que se envolveram. A Aceni é uma das empresas investigadas pela Copa Livre e pertenceria ao grupo de empresários paulistas apontados pelo Ministério Público do RS como responsáveis por corrupção e fraude à licitações em Canoas. A denúncia sobre essa fase da investigação ainda não foi concluída, mas em conversa com o blog na segunda-feira, o promotor de Justiça Marcelo Dossena disse que será nessa denúncia que virãos as principais informações extraídas das quebras de sigilo bancário dos supostos envolvidos no esquema.