RODRIGO BECKER

Rodrigo Becker é jornalista e escreve sobre política, negócios e cidade diariamente neste espaço.

URNAS | Busato e o ‘centro’ espremido entre os extremos; a missão Leite antes de Brasília

Ex-prefeito conquistou pela quarta vez um mandato na Câmara Federal em uma eleição atípica - e, agora, parte para o 'segundo round' no RS

Não era para ser favas contada e não foi, mas a previsão mais ‘previsível’ de 2022, a eleição de Luiz Carlos Busato (UB) para Câmara dos Deputados, tá na conta. Com 57.610 votos, o ex-prefeito volta à Brasília para o quarto mandato, com um pequeno intervalo entre 2017 e 2020, quando exerceu justamente o comando do governo, em Canoas. “É uma alegria voltar, poder ajudar os canoenses e o Rio Grande com um mandato atuante em Brasília”, comentou ao blog, no final da segunda-feira (3) em que fez de tudo, menos descansar dos 45 intensos dias de campanha.

Busato faz parte do núcleo político que coordena estrategicamente a campanha de Eduardo Leite ao Piratini. O grupo tomou a manhã de segunda para as inadiáveis reuniões de avaliação do 1º turno e mobilização para o segundo – com a presença de Leite, inclusive. “Entendemos que os candidatos com a bandeira dos extremos fizeram uma boa votação e, por isso, os de centro tiveram um desempenho mais fraco do que o esperado. Isso refletiu também no União Brasil, que não é um partido de extremo”, avaliou. “Nossa perspectiva era de eleger três federais e quatro estaduais. Fizemos apenas um federal e três estaduais”.

A frase de Busato, que aponta para o União Brasil, ajuda a explicar também a eleição para governador. A apuração dos votos refletiu a polarização plebiscitária Lula/Bolsonaro no plano nacional pressionando o quadro em que Leite, um personagem típico do centro político, quase fica de fora do segundo turno contra Onyx Lorenzoni (PL), candidato bolsonarista que disparou na preferência do eleitor sem que esse movimento fosse captado pelas pesquisas eleitorais. Edegar Pretto (PT) encostou tanto que apenas 1,6 mil votos o separaram de avançar para segunda fase do pleito.

No fim das contas, mesmo com os extremos acentuados, Leite passou ao segundo turno. Agora, avalia que as condições para reeleição sem depender de um ‘nós contra eles’, em parceria com o PT. “O eleitor do PT não vota no Onyx. Vai acabar migrando para o Leite naturalmente. Acho que ele não fará um movimento em direção ao Edegar, nem ao Lula”, disse Busato.

O que não quer dizer que o PT não fará: Lula já teria dado um telefone a Paulo Pimenta, presidente do partido no Rio Grande do Sul, pedindo que abrisse um canal de diálogo com Leite. Se depender do ex-presidente, o adesivo ‘LuLeite’ pinta por aqui no segundo turno.

Canoas sem deputado estadual

Em termos locais, Busato viu com tristeza a falta de representação da cidade na Assembleia Legislativa. “Canoas tem uma crise de identidade. Não temos TV, não temos rádio ou jornal forte. Há pouco espaço de exposição para o candidato local e todos de fora tiram a sua casquinha”, avaliou. Mas também distribuiu uma ‘culpa’ ao governo e ao prefeito afastado, Jairo Jorge. “Não consigo admitir que um governante apoie candidatos de fora”, comentou, numa clara referência ao apoio de JJ a Gaúcho da Geral e Luciano Azevedo.

Isso significa que há planos para 2024? “Não quero entrar nessa seara agora”, resumiu. O ‘nem-sim-nem-não’ de Busato vai deixar muita gente com dor de cabeça e, na interpretação do blog, quer dizer exatamente o que se pensa que quer dizer: um talvez. “Um mandato de deputado federal não é pouca coisa”, finalizou, encerrando o assunto – pelo menos por enquanto.

Nos próximos dias, Busato será visto pedindo votos para Eduardo Leite – em Canoas e pelo interior, onde também fez uma votação expressiva. A missão, agora, não é pensar em Brasília, mas vencer Onyx para manter o mesmo grupo político como inquilino do Piratini.

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