Aristeu Ismailow chegou à Secretaria da Saúde quase dois meses depois que o ‘furacão’ Copa Livre afastou prefeito Jairo Jorge e o até então intocável Maicon Lemos, titular da pasta, também arrolado nas investigações do Ministério Público. Certamente não era a opção mais fácil de Nedy de Vargas Marques, mas em uma conversa com o blog, o próprio prefeito em exercício explicou sua opção. “É um cavalo para trabalhar”, disse, bem ao estilo que os correligionários do campeirismo do prefeito entenderão bem. “O homem não descansa”.
Quatro meses e 20 dias depois de assumir o cargo, Aristeu ‘o mago’ Ismailow está prestes a completar a terceira de três missões que se impôs como prioritárias ao assumir o cargo, lá em junho. O plano era encerrar as contratações emergenciais para a gestão dos hospitais e, com isso, colocar a Saúde de Canoas de olhos voltados à atenção básica – afinal de contas, é esta, por vocação, a parte que cabe ao município. Logo de cara, Aristeu viu que a missão, na verdade, eram três; cada hospital tinha a sua própria realidade – e exigiria seus próprios ‘feitiços’ para que os peculiares nós de cada um fossem desatados.
No Nossa Senhora das Graças, a coisa ficou mais fácil. O hospital está requisitado pela Prefeitura e seguirá assim até fevereiro do ano que vem. A gestão por lá pôs a casa de saúde nos trilhos durante e após a pandemia. Já são quase 300 leitos e, em breve, serão inauguradas mais 20 UTIs, com duas de isolamento. Ismailow confirma que o governo pretende devolver à ABC, entidade proprietária do hospital, a titularidade do Graças – mas argumentou o óbvio ao explicar porque a renovação da requisição foi efetivada. “Está funcionando, não precisa mexer agora”, alertou.
No Hospital de Pronto Socorro o problema era mais complexo. A gestão do HPSC licitada por Jairo Jorge era e ainda é alvo das investigações do MP. Quando Aristeu assumiu a Saúde, o Pronto Socorro vivia o período da intervenção do Estado, autorizada pela Justiça até fevereiro. “Em uma reunião com a juíza do caso, ela informou que a intervenção não seria prorrogada”, contou. “Então, providenciamos uma nova contratação emergencial”. Tudo com o ‘ok’ do Ministério Público que, na semana seguinte em que o Instituto Administração Hospitalar e Ciências da Saúde (IACHCS) assumiu o hospital, conhece o plano de ação e as metas da gestão na sede do MP, em Porto Alegre.
Resta, ainda, o Hospital Universitário.
A licitação que define a entidade que fará a gestão do HU pelos próximos cinco anos já está ‘nos finalmentes’. Os envelopes com a proposta financeira e a documentação de habilitação já foram abertos e homologados – mas ainda é preciso aguardar o tempo de recurso para confirmar a vencedora. A AHBB|Rede Santa Casa está na dianteira e, se não houver disputa judicial, assina contrato em meados de novembro. Vai receber pouco mais de R$ 13,5 milhões por mês para administrar o plano operativo do HU, além das possibilidades de ampliação da área privada, cessões de espaços dentro do hospital e a escola de saúde.
É tarefa para quem não gosta mesmo de descansar muito.