Dezembro é vermelho para o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do RS, nem tanto pelo Papai Noel ou por predileções futebolísticas, mas pelo novo e assombroso corte de recursos que o Governo Federal está impondo à instituição. Ao longo do ano, 1 em cada 5 reais deixou de chegar ao seu destino, pondo em risco o pagamento de bolsas de assistência estudantil, ensino, pesquisa e extensão. Segundo a reitoria do IFRS, está faltando dinheiro até para o pagamento das contas de água e luz.
O valor previsto em lei para o IFRS em 2022 era de R$ 61,3 milhões, a ser utilizado pela Reitoria e pelos 17 campi, que atendem mais de 22 mil estudantes – inclusive em Canoas. Porém, no mês de junho deste ano, a instituição sofreu um corte de R$ 4,5 milhões, tendo de rever o planejamento e adiar a realização de melhorias nas unidades. Com mais o bloqueio de dezembro, de R$ 8,35 milhões, as perdas no orçamento chegam a 20,4%. O quadro geral dos dados foi apresentado à imprensa na tarde desta terça-feira, 6. Se com os cortes de junho as coisas pareciam complicadas, agora ficam fora do controle. “Caso a situação não mude, será a mais crítica já vivenciada pela instituição”, diz um dos trechos da nota.
O IFRS tem sede em Caxias e não dispõe dos números específicos de
Canoas. A reitoria garante que o caos financeiro, o porém, é o mesmo – até porque, é o mesmo orçamento. O presidente Jair Bolsonaro, que só se retirou da reclusão em que vive depois da derrota de 30 de outubro para um momento de lágrimas em evento das Forças Armadas, não toca no assunto. Pela manhã, o próprio ministro da Educação, Victor Godoy Veiga, transmitiu as informações sobre o contingenciamento à equipe de transição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. O novo governo trabalha com a ideia de aprovar a PEC da Transição, que permite um ‘drible’ no teto de gastos, para pagar o auxílio do novo Bolsa Família e os gastos remanescentes da Educação e Saúde, principais alvos do contingenciamento da União.
Até lá, IFRS corre o risco de ficar às escuras e sem água, em pleno verão.