Os derradeiros dias de dezembro estão se tornando dramáticos para o prefeito de Canoas, Jairo Jorge. Afastado do governo desde 31 de março em razão das investigações da Operação Copa Livre, liderada pelo Ministério Público, sofreu uma nova derrota no Tribunal de Justiça nessa quinta-feira, 15. Em decisão de embargos, a 4ª Câmara no Tribunal negou o recurso para suspender o afastamento. A notícia colocou mais gasolina na fogueira política em a Oposição e até gente da base aliada ao governo pretende assar JJ.
O que pode aliviar a temperatura da brasa é o habeas corpus da defesa do prefeito que ainda aguarda um espaço na agenda de julgamentos da 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, o STJ, em Brasília, ainda em dezembro. O pedido não entrou na pauta da última sessão presencial, dia 13, mas ainda pode entrar na pauta da sessão virtual de segunda, 19. A defesa peticionou e entregou ao STJ um documento assinado por integrantes da XXI Conferência do Observatório Internacional da Democracia Participativa, que ocorreu no início do mês em Grenoble, na França. O mesmo evento já havia tido lugar em Canoas em 2014 e Jairo Jorge é um conhecido nome entre os participantes do evento – que se dispuseram a assinar o documento que defende o legado do prefeito e pedia aos ministros da 6ª Turma a votação do habeas. O plano JJ de não virar o ano fora do mandato pretendia barrar movimentos que sugerissem golpismo; se tudo for jogado para o ano que vem, o plano muda de figura.
Se não tiver uma notícia favorável, dificilmente Jairo Jorge escapará de responder, na Câmara de Canoas, a uma comissão processante – em outras palavras, a um processo de impeachment. Vereadores já se organizam em blocos e grupos; outros estudam o famoso Decreto 201, vigente desde os tempos da Ditadura e que até hoje define as regras do que seria um procedimento capaz de cassar um prefeito no exercício do mandato. Para parte da Câmara, Jairo é visto como uma espécie de navio encalhado que tranca o movimento do porto: enquanto não for removido, a vida não segue.
Nesse caso, ‘removê-lo’ é também tirá-lo do páreo para 2024, quando acontecem as próximas eleições municipais. Se eventualmente for cassado, fica 8 anos inelegível, independente de ser considerado culpado ou inocente pelas acusações que lhe são imputadas pela Copa Livre. Alguns enxergam a oportunidade de ascender politicamente na ausência das urnas de um líder da estatura de Jairo. Outros pensam em manterem-se vivos – a si e aos seus partidos, que dependem muitas vezes de espaços de governo para formar nominatas e disputar vagas na Câmara.