Enfim, Cris Moraes, do PV, presidirá a Câmara de Canoas em 2023. A eleição que estava programada para 28 de dezembro foi antecipada para sessão desta quinta-feira, 22 – horas depois que o pedido de impeachment do prefeito Jairo Jorge fora protocolado na Casa. Em um dia de turbulências na política, a eleição da presidência quase teve a primeira virada de mesa da história do parlamento canonese: nunca antes um acordo de maioria foi rompido por lá; e agora só não foi porque um ‘avalista’ em particular lembrou que manter a palavra dada, além de importante, faz bem.
Repassando: Cris era o nome definido no acordo da base aliada ao paço no finalzinho de 2020, celebrado ainda com o amém de Jairo Jorge, então prefeito eleito da cidade. Antes de Cris, Márcio Freitas (Avante) e Eracildo Link (MDB) comandaram a casa; ano que vem, será a vez de Gilson Oliveira (Avante). O afastamento de JJ levou Nedy de Vargas Marques ao comando do Executivo e um grupo de vereadores, alegando alguma inconformidade com Cris, começou a trabalhar a ideia de um nome alternativo. O ‘Bloco do 7’, formado há algumas semanas, então, cogitou lançar Alexandre Gonçalves (PDT) à presidência, indicando contar com 9 votos – três do MDB, dois do PP, um do Novo, um do PDT e dois do PTB. E para chegar aos 11 que definiriam a eleição, supuseram contar com a adesão extemporânea dos dois votos do PT. Era a senha para bater à porta de Nedy e comunicar que a eleição da Mesa Diretora da Câmara estava decidida.
O prefeito em exercício, seis vez presidente do mesmo parlamento que agora buscava um ‘ok’ seu para uma inédita virada de mesa, deu contornos de sensatez à conversa. Segundo um dos vereadores presentes, Nedy disse ao grupo que o procurou que poderiam resolver a questão como quisessem, mas que não entendia como surgiria algo bom para cidade a partir do rompimento da palavra dada. O discurso foi o mesmo proferido na inauguração das obras da Rua Curitiba, no Mathias Velho, quando Nedy elogiou um ex-colega de Câmara, Alcy Paulo de Oliveira, o Cica. O filho dele, Marco Antônio, mais conhecido como Caco, é o atual secretário de Obras do município e participou do ato ao lado de alguns atuais vereadores. “Teu pai era um homem que não teve a oportunidade de muito estudo, mas era íntegro e correto. Nunca descumpriu com a palavra dada”, disse Nedy.
Bastou para o recuo.
Na hora da votação, o ‘Bloco dos 7 que virou 9’ não apresentou nome para disputa da presidência e Cris Moraes foi eleito por unanimidade. O PT, como era de se esperar, foi com Cris: o PV, afinal, fez federação com o partido em 2022. A Mesa Diretora da Câmara para 2023 terá, ainda, como 1º Vice-presidente o vereador Gilson Oliveira (Avante); como 2º Vice-presidente, Leandrinho Moreira (PSD); como 1º Secretária, a vereadora Vani Piovesan (PT); e como 2º Secretário, Abmael Almeida (Solidariedade). Reparem: ninguém do bloco foi eleito para a Mesa.
O movimento, embora errático, tem tudo para entrar para os anais da política como uma ‘escorregada’ política. Apesar do quase sucesso, as relações devem se pacificar nos próximos dias já que Nedy tem pregado a ideia de que a Câmara de Canoas não deve ser divida entre ‘governistas’ e ‘oposição’. Em reunião na terça-feira à noite com os 21 parlamentares, garantiu que seu gabinete ficará aberto a todos, independente da posição que adotarem em relação aos projetos do governo. O assunto foi comentado no blog no post Nedy e dos ’21 de Esparta’; a base é Canoas. Melhor para o Bloco dos 7 que Cris seja, também ele, um vereador mais conhecido pela capacidade de diálogo do que de guardar rancor.
