RODRIGO BECKER

Rodrigo Becker é jornalista e escreve sobre política, negócios e cidade diariamente neste espaço.

CANOAS | O ‘meio-aplauso’ do Sinprocan no ‘velório’ à nova e falecida lei de escolha de diretores

Lei que previa escolha de diretores de escola por critérios técnicos proposta por Jairo Jorge foi revogada pela Câmara depois de um ano de vigência

E a Lei 6.523, que previa um processo diferenciado para escola de diretores e vices das escolas municipais, ‘subiu no telhado’ há dois dias de completar um ano de vigência e sem que tenha havido um único nome selecionado para os cargos de acordo com seus critérios. A Câmara de Canoas aprovou nesta terça, 27, a revogação da lei em segunda sessão – o que, na prática, só ratifica a decisão tomada na semana passada. Com velório curto e sem viúva – pelo menos por enquanto.

Explico. O plano proposto por Jairo Jorge de seguir o caminho de cidades como Esteio e Sapucaia do Sul, inspiradas nas experiências sempre citadas de Sobral, no Ceará, era ter uma seleção diferente para diretores e vices. Basear a escolha em competências para gestão e não apenas em voto direto de professores, alunos e comunidade foi defendida como um avanço. Em Sobral, por exemplo, os índices de qualidade na Educação pública disparam com um conjunto de medidas que incluía, entre outras, o fim da eleição direta para diretores. Com mais autonomia financeira e administrativa, a exigência para ocupar o cargo máximo de chefia nas unidades de ensino passou a ser menos ‘pedagógica’ e mais de ‘gestão’. Daí, a mudança. Polêmica? Claro: lá e aqui.

Quando a lei foi aprovada, na última sessão do ano de 2021, o Sindicato dos Professores de Canoas, o Sinprocan, berrou. A entidade, presidida pelo ex-árbitro e professor de Educação Física Júlio César Santos é a favor da eleição direta – o que reputa como o instrumento democrático aplicado à gestão escolar. A entidade questiona especialmente a escolha dos nomes por uma comissão definida pelo governo, trocando uma eleição direta por uma indireta. Por isso, o chiste do ‘meio-aplauso’ à póstuma lei: Sinprocan é a favor da revogação, sim, mas ainda não sabe o que virá depois. “Somos a favor da volta da eleição direta para diretores. Concordamos com a revogação desta lei”, diz o presidente do sindicato. “O que nos causa estranheza é que não foi enviada nenhum projeto para substituir esta que será revogada. Como vão ficar as escolas, pois além, de mudar a lei, o mandato dos diretores termina em 31 de dezembro”.

A Secretaria de Educação confirmou ao blog a prorrogação do mandato dos atuais diretores por mais um ano. A ideia é formular, logo, uma nova proposta para a eleição de diretores que leve em conta critérios de seleção diversos da eleição direta. Em outras palavras, a escolha por competências segue nos planos. Na justificativa da revogação, inclusive, se explica que sua aplicação só não foi possível porque o governo não conseguiu “realizar quaisquer processos seletivos definidos na referida norma”.

“Dado este contexto, a Secretaria da Educação está trabalhando na constituição de uma nova proposta de projeto de lei que não só atenda os requisitos de qualidade necessários a gestão das escolas municipais na dimensão e importância da rede de ensino de Canoas, mas que valorize o potencial dos servidores municipais da própria rede. Tal proposta deve estabelecer os novos critérios e permitir que já para o ano de 2023 se promovam as formações, seleções e designações dos selecionados para início no exercício imediatamente subsequente”, adianta a mesma justificativa.

A questão da eleição direta de diretores tem tudo para ser o ponto de atrito entre a Secretaria de Educação e o professorado em 2023. Um teste para a pacifista Beth Colombo que, desde que chegou à pasta no início de março, vem construindo com diálogo a relação com a categoria.

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