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Canoas
22 de dezembro de 2024

RODRIGO BECKER

Rodrigo Becker é jornalista e escreve sobre política, negócios e cidade diariamente neste espaço.

CANOAS | 2024 é logo ali: o que já se fala, o certo e o incerto sobre a próxima eleição na aldeia

Com a Câmara ainda em recesso, política parece estar 'de molho', mas não está: nos bastidores, tudo é 2024

Falta muito tempo para eleição e tudo sempre pode mudar. Dada a ressalva, o blog conta o que já se especula sobre parcerias e rivalidades para 2024 e o que a hecatombe 2022 provoca na sucessão municipal. Três personagens despontam em qualquer conversa sobre o assunto – mas há outros.

1. Nedy de Vargas Marques, o ‘chapa 1’

O prefeito em exercício ainda não admitiu publicamente, mas a se manter o quadro de afastamento de Jairo Jorge, é natural que vá à urnas na eleição marcada para daqui a menos de 22 meses. Importante: Nedy acredita que JJ não volta mais. E a cada dia, o distanciamento antes velado entre os dois assume contornos de briga na janela – ou na rua, a depender de como a turma do ‘pano quente’ vai ajudar a controlar a barafunda política criada pelo fatídico 2022.

Gostem uns e não gostem outros, é natural que Nedy seja candidato. Sentado à cadeira de prefeito, provisória ou definitivamente, tem a vantagem do diálogo com a maior parte das forças políticas ativas da cidade. Se for às urnas, é candidato a maior coligação da eleição: não dá para duvidar que junte sob o mesmo guarda-chuva político de PT a PP, já que todos hoje coabitam o governo.

O ponto de inflexão de Nedy é o partido. Atualmente, o prefeito em exercício é filiado ao Avante e já deu recados, sinais e acenos de que seus dias na sigla se esgotaram. Nedy, que não é homem de decisões intempestivas, estuda um retorno ao MDB que já o colocou na Assembleia Legislativa ou o PSDB sob a batuta de Eduardo Leite. Quando assinar ficha, veremos se professará o discurso do ‘soldado’ ou o do ‘candidato’ – aposto no de candidato.

2. Jairo Jorge e a missão

Ainda no campo dos candidatos naturais, Jairo Jorge. Sem pesquisa nem cinismo, o dono da maior influência sobre a maior parte do eleitorado canoense. No pior momento de sua vida política, esse lastro eleitoral seria capaz de, sozinho, vencer a eleição? Ainda é cedo para bancar prognósticos – só não dá para desconsiderar o tamanho que JJ alcançou na cidade, nem o recall que ainda pode ter o prefeito com a aprovação política que ele já teve.

Se a eleição fosse hoje, diria que JJ é candidato. Recluso em casa, ele não trata do assunto – e, se trata, obviamente não deixa vazar nada. Apesar das investigações da Copa Livre, Jairo mantém os direitos políticos e, portanto, está apto às urnas. Eleger-se prefeito para um quarto mandato seria o grande voto de confiança da cidade no homem que só não venceu mais eleições em Canoas do que o ícone Hugo Lagranha.

Duas possibilidades, no entanto, deixam nebuloso o futuro do prefeito. O primeiro deles é, claro, a Copa Livre. O Ministério Público afirma que entregará à Justiça em breve duas novas denúncias baseadas nas investigações que afastaram JJ em março de 2022. Se houver condenação colegiada em um dos casos nos próximos 19 meses, que é o período de registro de candidaturas, Jairo seria implicado na Lei da Ficha Limpa. A segunda questão é o impeachment.

O 20 a 1 que a denúncia protocolada por Marcelo Fontella levou na sessão de 22 de dezembro indicaria que o assunto morreu, mas em política morte nenhuma é definitiva. O fantasma de um novo pedido que dessa vez pudesse contar com a articulação do paço ainda ronda os estreitos e pálidos corredores da Câmara. Um impeachment tiraria além do mandato, os direitos políticos do prefeito por oito anos – afastando-o das urnas em 2024. E é exatamente essa perspectiva – a de tirar JJ da eleição – que mantém a semivida do impeachment com fôlego suficiente para ser lembrada como hipótese.

3. Luiz Carlos Busato, o sempre lembrado

O ex-prefeito se elegeu deputado federal e é nome sempre lembrado para disputa da prefeitura. A informação que o blog dispõe é que Busato tem planos de concorrer ao Senado em 2026 e que ser prefeito novamente não é, hoje, uma motivação.

No futuro, porém, pode ser.

Especulo que Busato não queria gastar energia em grandes articulações com partidos que, no âmbito local, se movimentam por interesses diversos e, no fim, fazem o que querem – acertados acordos ou não. É uma trabalheira organizar nominatas, fundo de campanha, atender a demandas de aliados por material, comitê, estrutura, gráfica… enfim. Disso, imagino eu, Busato não tem saudade.

Mas se houver um movimento autêntico, Busato pensa. O ex-prefeito segue na memória recente do canoense. Quando perdeu a eleição em 2020, não foi porque o governo tenha sido um desastre – bem ao contrário. As entregas da gestão o levaram ao segundo turno e Busato só perdeu para ‘o mito’ JJ. Se houver uma unidade de partidos e uma ideia que não seja de aventura, ‘o vô tá on’ embarca.

4. Felipe Martini

É o candidato de JJ se JJ não puder ser candidato. Situações do passado, como a demora do ex-secretário em abrir defesa ao prefeito afastado ainda em 2022, parecem superadas. Hoje, não haveria qualquer resistência a uma eventual candidatura de Martini – só a dele próprio, talvez.

Não é que Martini não queira, que fique claro. O papel de ‘reserva de luxo’ é que complica. Ao mesmo tempo que Martini passa a fazer parte das conjecturas, ele próprio não pode movimentar-se livremente como quem postura a condição de candidato. Pergunte a ele e ouvirá que ‘é cedo para qualquer articulação envolvendo candidatura para 2024’, mas partidos e aliados – ou a ansiedade deles – estimula a futurologia.

Nessa relação, perderá quem apostar em ruptura.

5. Novo sem preferencial

O partido Novo foi o terceiro colocado na eleição de 2020 com a candidatura de Camilo Bornia. Candidato natural? Provavelmente, não. O Novo tem um processo de escolha de seus candidatos que implica em curso, formação, processos seletivos e por aí vai. Camilo, que é empresário e não vive da política, não demonstra vontade de disputar o cargo novamente. E, além disso, o Novo não atingiu a cláusula de barreira, o que implica na desobrigação de convidar o candidato do partido para eventuais debates em rádio e TV. Se Jonas Dalagna, vereador do partido, quiser, o candidato pode ser ele – mas Jonas vem sendo assediado por outros partidos e dificilmente uma definição vai ser tomada ainda em 2023.

6. PT vai às urnas – mas precisa de um candidato; ou candidata

Embalado pela vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, o PT de Canoas terá candidato em 2024 – mas ainda não se sabe quem. Nelsinho Metalúrgico, que concorreu em 2020, não tem a preferência do grupo que exerce a maioria do partido, hoje. Não dá para descartar um repeteco de 2020, mas o mais provável é que busquem o ‘sim’ de Maria Eunice para disputa do paço.

Eunice foi a candidato do partido mais votada na região para deputada federal, parte de uma base sindical metalúrgica e já exercer o terceiro mandato na Câmara de Canoas. A exemplo dos demais, ela também não adianta a disposição de concorrer, mas uma corrente interna já trabalha para que haja um consenso em torno da candidatura petista – com ou sem Maria Eunice.

7. E vai ter mais

Não se descarta, ainda, candidaturas de vereadores. Juares Hoy (PTB) já disse mais de uma vez que pretende disputar a prefeitura. Airton Souza (MDB) também. Ambos, a depender do lado político em que se encontram, também são especulados para vice de um ou de outro candidato. Cris Moraes, do PV, que preside a Câmara em 2023, não põe uma candidatura a prefeito entre suas prioridades, mas mantida a federação com PT e PCdoB, nada se descarta.

Se não Juares, Simone Sabin pode pintar nas urnas como ‘candidata bolsonarista’. A depender do que aconteça com o movimento após a baderna que houve em Brasília no dia 8, a direita conservadora poderá indicar mais postulantes – alguns mais maleáveis, como o PP, outros mais ‘fechados com o capitão’, como Rodrigo Mota (PL) ou Nilce Bregalda, que é filiada ao PL e não PRTB, como o blog publicou originalmente, por engano.

Mais alguém se habilita?

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