RODRIGO BECKER

Rodrigo Becker é jornalista e escreve sobre política, negócios e cidade diariamente neste espaço.

CANOAS | Bolsonaro em Canoas: a fé acredita, a razão diz ‘não dá’

Presidente do PL anunciou candidatura do partido e 'militância' de Bolsonaro na cidade para 2024, mas até a grama pisoteada em frente ao STF sabe o destino que terá o ex-presidente se pisar por aqui

De antemão, aviso: Heider Couto, presidente do PL de Canoas, talvez reivindique direito de resposta – e terá. Mas, pessoalmente, duvido que Jair Bolsonaro ponha os pés de Canoas em 2024. Com a chance de queimar a língua típico dos que dão opinião, arrisco. Sem torcida nem secação, o caminho do ex-presidente, se voltar ao Brasil, será a Papuda que hoje hospeda a horda que invadiu os palácios de Brasília na fracassada tentativa de golpe do fatídico 8 de janeiro. Qualquer tufo de grama pisoteada em frente ao Supremo Tribunal Federal, o STF, sabe disso. Não trago novidades.

Entendo, Heider. Bolsonaro venceu a eleição em Canoas. Seus apoiadores saíram às ruas sem medo – o mesmo não se viu de parte de quem votou em Lula. A minoria canoense que deu o voto ao presidente que se elegeu foi tímida na campanha, para não dizer muda. O que não muda o fato de que a figura de Bolsonaro, por aqui, tem uma adesão gigantesca. É nisso que o PL põe fé de emplacar ineditamente um candidato a prefeito com oportunidade para uma composição sólida e, quem sabe, ser protagonista de um segundo turno contra um dos ‘gigantes’ da política local estabelecidos há mais tempo. E, para isso, imagina contar com Bolsonaro em carne, osso e a cicatriz da facada de 2018 a andar pelas ruas?

Não seria impossível em outros tempos, mas dada as condições políticas do país, julgo que seja. Os atos de 8 de janeiro apontam para um beneficiário comum ao discurso de golpe repetido e repisado por Bolsonaro ao longo de quatro anos de mandato. Ele próprio personificou a ideia de ‘semi-todo-poderoso’, capaz de usar a força e autoridade para ampliar o próprio autoritarismo. Vencido nas urnas, a responsabilidade pelas ideias que semeou brotam em seus ombros – sejam elas a bravata da liberdade que tem adesão da maioria ou o incentivo à barafunda golpista que incendiava o cercadinho.

Bolsonaro será responsabilizado por brincar com a democracia como se fosse o dono da bola em um hipotético Brasil em campinho de chão batido. Acontece que a bola não era dele, mas do povo. E é em respeito a ele que haverá consequências.

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