Voltamos a falar sobre dengue, então. Após um 2022 com recorde de notificações e 781 casos confirmados da doença em Canoas, a Prefeitura amplia a estratégia para enfrentamento ao mosquito transmissor do vírus, o Aedes aegypti. Semana passada, um edital foi publicado no Diário Oficial para compra de testes antígenos rápidos de detetecção do vírus através do sangue. A medida vai garantir uma resposta mais rápida no diagnóstico e no tratamento dos casos. E não só isso: vai garantir, também, ações específicas de combate ao vetor, o mosquito, nas regiões onde os casos forem confirmados.
O médico veterinário Rogério Halla, do setor de Epidemiologia de Antropozoonoses da Secretaria da Saúde de Canoas, explica que o combate à dengue é feito em duas etapas. A prevenção e orientação permanente, informando moradores sobre os cuidados com o principal ambiente favorável à reprodução do mosquito: a presença de água parada. Mas também existe outra etapa, mais intensiva, que ocorre sempre que há confirmação de um caso ou a identificação de focos de larvas e insetos adultos. Nestes casos, é feita a aplicação de inseticida – o famoso fumacê -, a eliminação do maior número possível de pontos de água parada. É nesse meio que o teste rápido vai facilitar o combate à doença.
“Hoje, para todos os casos suspeitos são colhidas amostras e enviadas ao laboratório do Estado, o Lacen. Há uma período de espera até o retorno com a confirmação ou não do caso. O teste rápido entra aí, facilitando o diagnóstico e também nos permitindo as demais ações de combate ao mosquito”, explica. Segundo Halla, o encaminhamento de material coletado seguirá sendo enviado ao Lacen, inclusive para que seja conhecida a tipagem do vírus. Mas a vantagem de se ter a confirmação do diagnóstico local é muito grande. “Permite uma ação imediata, tanto na Saúde para tratar o doente quando na cidade para evitar novos casos.”
O veterinário explica que há um período chamado de ‘viremia’, que dura aproximadamente sete dias. Esse é o período em que o vírus circula pelo sangue do paciente infectado e ocorre um dia antes do aparecimento repetindo na febre e segue até o 6ª dia de sintomas. “Identificar rapidamente os casos é crucial para que a pessoa seja tratada, use repelente e não transmita o vírus para outros mosquitos. Além disso, fazemos a aplicação de inseticida em um raio de 150 metros ao redor da casa do paciente para diminuir as chances de que aquele mosquito infectado contamine outras pessoas”, conta Halla.
Em 2023, já fez 12 notificações de casos suspeitos, mas não houve a confirmação de nenhum de acordo com os números da Secretaria de Saúde do Estado, totalizados em 1º de fevereiro. Vale lembrar que o Aedes aegypti transmite, além da dengue, o zika vírus e a febre chikugunya.
