Afundando como alternativa de ‘direita criativa’ depois que foi engolido pela cláusula de barreira no ano passado, o Partido Novo, de fato, inova – pelo menos em Canoas: está metendo o vereador Jonas Dalagna em uma comissão de ética interna por supostos descumprimentos de determinações partidárias. O único vereador eleito pela sigla em Canoas em duas eleições disputadas pode ser expulso nos próximos meses, provavelmente porque alguém da cúpula do partido ‘não gostou’ de um posicionamento, um voto ou uma decisão tomada por Jonas. Se o ‘esquerdismo’ é a doença infantil do socialismo, o ‘purismo’ é o seu perfeito reflexo à direita; quem afinal não dorme de pijama listrado não participa deste clube.
O blog tentou contato com a direção nacional do Novo, a quem cabe a apuração da comissão de ética. A informação foi confirmada e o vereador Jonas deve ser notificado ainda nesta quarta-feira, 15, da decisão de investigá-lo. Até que se chegue a uma conclusão, a filiação dele está suspensa, ou seja, ele não pode mais se manifestar em nome do Novo, nem usar o logotipo e materiais do partido em suas redes sociais.
O motivo da investigação? Ninguém conta. O crime secreto de Jonas, por certo, é de opinião: partidos costumam ser implacáveis contra quem pensa diferente, mas por vezes passam panos quentes para corruptos de estimação. Como esse não é o caso de Jonas, suspeito de que sofra do mal de pensar distante dos caciques e, por isso, esteja a responder uma comissão de ética.
Por fim, fora o desgaste, Jonas não perde nada. Se for expulso, fica com o mandato e pelo menos três convites de partidos para filiar-se e concorrer novamente em 2024, a vereador ou a prefeito. Tenho certeza de que o biólogo que passou dois anos na Justiça por conta de um panfleto que se atirado ao chão fazia brotar uma muda de flor não esperava passar por essa agora, mas algo me diz que não está surpreso.