“Em dezembro, o quadro era outro”, comenta um dos vereadores mais bem informados da Câmara de Canoas, sob sigilo. É a condição da maioria para falar abertamente sobre um novo pedido de impeachment contra o prefeito Jairo Jorge, afastado do governo desde março de 2022 em razão das investigações da operação Copa Livre. Se o sigilo é exigência de uns, o blog garante para todos: o que conto a seguir é o extrato do que se ouve nos corredores da Câmara ou em 10 de 10 rodas políticas pela cidade inteira. Nesta primeira semana de março, como bem diz o parlamentar que abre este post, as condições para aprovação de pedido de cassação do prefeito eleito em 2020 são diferentes.
Uma faísca de informação havia surgido quando o habeas corpus de JJ não entrou na pauta da 6ª turma do Superior Tribunal de Justiça, o STJ, há exato um mês. Naquele dia, começou a circular o boato de que uma pessoa ligada ao PDT estaria disposta a apresentar um novo pedido de cassação contra Jairo Jorge. O prefeito havia deixado o partido em janeiro de 2020 para filiar-se ao PSD. Antigos aliados o culpam pelo ’emagrecimento’ político da sigla na cidade e sobram desafetos dispostos a protagonizar a autoria do pedido de impeachment. De lá para cá, no entanto, a conversa avançou, invadiu gabinetes, flertou sobre a conveniência da reforma administrativa e por aí foi. De concreto, no entanto, nada. Ainda.
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Quando o colega Marco Leite soltou a informação de que o pedido estava em gestação, pelo menos um vereador confirmou ao blog que havia tratado do assunto – só não disse com quem. “A paciência com Jairo termina em março”, disse, à época. A frase é a senha mais simbólica do período: de fato, há uma guerra de paciências em jogo na política entre os que querem esperar alguma novidade dos tribunais, os que ‘desconfortáveis sobre o muro’ e os que querem resolver logo o problema para superar o episódio Copa Livre e o ‘volta-não-volta’ do prefeito eleito.
Esta última turma, no entanto, é a que tem engrossado mais nos últimos dias. Convencidos de que a Câmara terá de enfrentar o processo mais dia, menos dia, vão para cima dos demais dizendo que a hora chegou. O ‘deadline’, ou prazo final, ainda não está claro – só cresce a expectativa de que seja ainda em março. Especialmente depois que o ministro Sebastião dos Reis Júnior negou a liminar que pretendia o encerramento antecipado do afastamento do prefeito sob o argumento da incompetência jurídica do MP gaúcho sobre a Copa Livre e, ainda na mesma tarde, a condenação em primeira instância de Jairo e seu ex-secretário da Saúde, Marcelo Bósio, a três anos de prisão pela contratação de serviços do Hospital Nossa Senhora das Graças sem licitação. Cabe recurso à decisão, mas o momento não não poderia ser pior para JJ – e até as cadeiras do plenário da Câmara sabem que isso irá acelerar a discussão sobre sua cassação no parlamento.
Por enquanto, março testa a ansiedade de todos na política; a paciência de uns e a impaciência de outros estão por um fiapo.