Há poucas horas do fim do período de afastamento imposto a Jairo Jorge pela Justiça Gaúcha em razão das investigações da Operação Copa Livre, as especulações sobre como será a retomada do governo com a volta do prefeito andam a mil. Quem fica, quem sai, quem retorna e quem serão as novidades no primeiro escalão? Acordos políticos feitos com partidos e vereadores por Nedy de Vargas Marques, o prefeito em exercício, serão mantidos ou rompidos? Que rumo tomará a gestão?
Parte dessas dúvidas só terão resposta com a volta do prefeito. Os planos são de que ele chegue à Prefeitura por volta das 8h, acompanhado de aliados políticos recentemente exonerados do governo. Ainda não houve confirmação de que Jairo Jorge conceda qualquer entrevista ao retomar o cargo. Ouvindo partidários de JJ e gente que deve compor o núcleo político do governo com a retomada, é possível dizer que ele encara esta volta não como uma continuidade do governo iniciado em janeiro de 2021, mas como uma espécie de ‘quarto mandato’; ele já havia dito isso em setembro do ano passado, dias antes de sofrer uma nova cautelar com mais 180 dias de afastamento do cargo. A ideia parece ser replanejar as metas e objetivos para um período bem mais curto de entregas uma vez que 2024 esbarra, necessariamente, no período eleitoral.
Um quarto mandato, sim, mas sem ‘transição’. A ruptura com Nedy de Vargas Marques não permite qualquer interlocução entre partidários de JJ e o governo em exercício. Isso indicaria muitas mudanças no primeiro escalão? Não necessariamente. Parte do grupo que compõe o secretariado atual foi indicado por Jairo Jorge em 2021. Mesmo nomes ligados ao núcleo decisório de Nedy estavam com Jairo no fatídico 31 de março, quando ele foi afastado. A expectativa mais realista é a de que Jairo se reúna com os principais secretários do governo e avalie individualmente quem fica e quem sai. Felo Uequed, secretário de Relações Institucionais, confirmou ao blog que pediu demissão nesta segunda-feira, 27. Pollyana Perinazzo, que exercia a função de Chefe de Gabinete do prefeito, fez o mesmo. Outros ex-aliados do prefeito que falaram mal de Jairo publicamente ou por qualquer razão perderam sua confiança política também devem sair.
Felipe Martini e Mario Cardoso são os mais cotados para voltar ao paço com cargos de primeiro escalão. Daniel Cardozo, que era chefe de gabinete de Jairo Jorge, também. Atualmente, ele ocupa um cargo na Câmara de Vereadores e vinha acompanhando os movimentos da gestão Nedy, de quem se tornou um grande desafeto. Conhecer o andamento da gestão talvez dê a ele a função de ‘gerente’ das metas na retomada, mas não há confirmação disso.
A agenda de JJ como prefeito não está definida, mas o mais provável é que ele se ocupe de uma série de reuniões internas para se apropriar do andamento da gestão e fazer as primeiras mudanças na equipe. Uma espécie de ‘conclave’ está sendo preparada para isso: só participarão o prefeito, o núcleo político e os secretários envolvidos pontualmente nas mudanças. No final da tarde, um anúncio com as primeiras diretrizes deve ser comunicado à imprensa e, então, se seguirão os encontros políticos com vereadores e partidos que compõe o governo. Não está claro se Jairo fará isso em uma entrevista coletiva ou apenas com um comunicado oficial.
Parece certo, no entanto, que um especulado ‘revogaço’ de medidas implementadas por Nedy de Vargas Marques não acontecerá imediatamente. Jairo pretende reverter a extinção do CanoasTec, feita pela reforma administrativa, mas outros anúncios bombásticos não estão na pauta. Há alguns dias, quando o retorno de JJ começava a ficar palpável, chegou-se a comentar que ele daria uma guinada no governo já na terça, mas ao longo do final de semana, a intenção restou diluída. Primeiro, serão avaliadas as diretrizes e, depois, o caminho para as mudanças – inclusive sob a perspectiva da necessidade de aprovação legislativa para algumas proposições e a inevitável composição política para isso.
Outra posição arrazoada entre o novo núcleo político de Jairo é a de que ele deve conceder menos entrevistas e focar seus dias na gestão. Aliados do prefeito acreditam que esse seja o caminho para superar o desgaste que a Copa Livre trouxe e, ao mesmo tempo, reavivar na memória da cidade a imagem de ‘prefeito realizador’ das gestões anteriores feitas por ele na cidade.
