Cultura: cadê você, venha pra cá!

A quem serve a cultura deste país? A necessidade não é barrar ou abolir, mas o contrário: expandir.

Por Lucas Dalfrancis

Balance, balance, balance, balançar. Não é palavra repetida, não senhor! É o som de Margareth Menezes, da canção “Caminhão da Alegria”. Ao que parece, também é o ritmo da baiana à frente do ressuscitado Ministério da Cultura. A música gravada em 1984 ainda segue assim: bota fantasia, se perfuma e vem pra rua, pra pular, pular, pular. Seria a anunciação pelo tamborim do que a nova ministra tenciona em um dos eixos mais criticados e desafiadores do Brasil?

Margareth Menezes tem, talvez, o maior desafio do país nas mãos. E o alento é a promessa de que será restaurada a participação da sociedade na gestão e na decisão dos novos projetos. A primeira resolução do Ministério mostra o horizonte: a volta do Conselho Nacional de Incentivo à Cultura, até então extinto.

Enxergar o Brasil profundo para além do eixo Centro e Sudeste é outra missão – e obrigação – deste governo, inclusive inaugurando canais de diálogo com as empresas que aportam recursos aos projetos incentivados. Essa, na verdade, é uma luta que perpassa governos, muito maior do que qualquer ideologia que guia efêmeras gestões. Reconheçamos: atores culturais estão em todas as regiões, mesmo longe de holofotes ou dos milhões de seguidores.

Se no passado houve redução do limite dos cachês pagos a artistas e fornecedores, além de restrições do que pode ser captado ou não, hoje precisamos revisionar cegueiras e paixões para enxergar além. A quem serve a cultura deste país? A necessidade não é barrar ou abolir, mas o contrário: expandir.

A partidarização da cultura é um equívoco caro para o futuro e a emancipação social, do indivíduo e sobretudo do país. Demitir essa indissociação invisível que nos retrocede, aparta e divide, é tão necessário quanto aproximar marcas de propósitos verdadeiros, capazes de mudar a realidade das comunidades onde estão. Que a cultura, ao menos na cabeça dos brasileiros, deixe de ser propaganda política para virar sua razão de existência: mudança de vida. Deixemos, sem preconceitos, a cultura circular. Ele é a alma do país.

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