Uma das histórias mais impactantes da crônica policial gaúcha, o caso das quatro mortes por um bolo envenenado com arsênio ainda apresenta muitas lacunas. Três vítimas morreram após consumir bolo de Natal, e uma quarta após ingerir leite em pó, em setembro do ano passado.
A principal suspeita é Deise Moura dos Anjos, 42 anos, presa desde 5 de janeiro.
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Caso do bolo envenenado: compra de arsênio com nome falso
A investigação revelou que Deise comprou arsênio pela internet, recebendo o produto em casa pelos Correios. A nota fiscal foi encontrada em seu celular, onde ela utilizou o nome Deise Marques dos Anjos, alterando seu sobrenome do meio. A polícia também descobriu o uso de um CPF falso por parte dela.
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Conforme apurado, Deise comprou arsênio quatro vezes ao longo de cinco meses. Uma das compras ocorreu antes da morte de seu sogro, que também foi envenenado, e as outras três antes do encontro familiar que resultou nas três mortes em Torres.
Empresas sob investigação
O delegado Cleber Lima informou que uma nova investigação será conduzida sobre a empresa que vendeu o arsênio. Embora não tenha revelado se a empresa é nacional ou estrangeira, ele destacou a importância de discutir, em nível nacional, a facilidade de acesso a essa substância.
Desde 2005, a venda de arsênio é proibida no Brasil, pois é utilizado para produzir arsênico, veneno para ratos e insetos. As principais formas de obter produtos com alta concentração de arsênio são por meio de comercialização clandestina ou sobras anteriores à proibição.
Prisão e investigação de Deise Moura dos Anjos
Deise foi presa após a polícia encontrar pesquisas em seu celular sobre os efeitos do arsênio. Detida no Presídio Estadual Feminino de Torres, ela permanecerá presa por 30 dias, sob suspeita de triplo homicídio duplamente qualificado e tripla tentativa de homicídio.
A polícia estuda a possibilidade de prorrogar a prisão temporária por mais 30 dias, conforme o andamento das investigações.
Depoimento do marido e investigação
O marido de Deise, filho único de uma das vítimas, será convocado a depor como testemunha, assim como sua mãe. Ele não é considerado suspeito, uma vez que nenhuma evidência foi encontrada em seu celular.
Em seu depoimento, ele afirmou que a relação de sua esposa com a sogra era instável, mas negou qualquer capacidade dela de envenenar a família.
Nota da defesa na íntegra
O escritório Cassyus Pontes Advocacia representa a defesa de Deise Moura dos Anjos no inquérito em andamento sobre o fato do Bolo, na Comarca de Torres, tendo sido decretada no domingo a prisão temporária da investigada.
Todavia, até o momento, mesmo com o pedido da Defesa deferido pelo judiciário, ainda não houve o acesso ao inquérito judicial.
A família, desde o início, colabora da investigação, inclusive o com depoimento de Deise em delegacia, anterior ao decreto prisional.
Cumpre salientar, que as prisões temporárias possuem caráter investigativo, de coleta de provas, logo ainda restam diversos questionamentos e respostas em aberto neste caso, os quais não foram definidos ou esclarecidos no inquérito.