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21 de fevereiro de 2025

Café fake: saiba a diferença entre café e pó sabor café

Café Fake; Cuidado! Novo pó sabor café pode conter cevada e milho em vez de grãos; Veja na reportagem a seguir quais são as diferenças

Com o café tradicional custando quase R$ 50, um novo produto tem ganhado espaço nos supermercados: o “pó sabor café”, apelidado de “café fake” ou “cafake”. Ele se apresenta como alternativa mais barata, mas pode confundir consumidores, já que muitas embalagens imitam marcas conhecidas. A descrição “pó para preparo de bebida sabor café” aparece em letras pequenas na parte inferior do pacote, dificultando a identificação.

A Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) revelou que, em janeiro, supermercados venderam pacotes de 500 g desse produto por R$ 13,99, um valor bem abaixo do café convencional. Apesar do preço atrativo, a composição levanta dúvidas. O Ministério da Agricultura investiga se esses produtos configuram fraude.

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O que realmente tem no “café fake”?

Assim, para o café ser classificado como café, o produto deve conter apenas grãos torrados e moídos. No entanto, muitos pacotes de “pó sabor café” não mencionam a presença de grãos. Alguns informam o uso da “polpa do café”, mas a Abic esclarece que a polpa está colada à casca do fruto, que é considerada impureza. Outros produtos sequer incluem café na composição, sendo feitos de cevada ou milho.

A legislação brasileira permite até 1% de impurezas naturais, como galhos, folhas e cascas, mas proíbe totalmente elementos estranhos, como grãos de outras espécies, corantes, açúcar, caramelo e borra de café solúvel. O diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal do Ministério da Agricultura, Hugo Caruso, alerta que fabricantes podem adicionar esses ingredientes intencionalmente para falsificação.

Embalagens enganosas e falta de transparência

Nutricionistas alertam que a principal questão não é apenas a composição, mas a forma como esses produtos são comercializados. Muitas embalagens trazem imagens de xícaras de café e grãos inteiros, além de cores e fontes semelhantes às de marcas tradicionais. Isso pode induzir o consumidor ao erro, fazendo-o acreditar que está comprando café puro.

Um exemplo de imitação ocorreu com a marca Melitta. Uma empresa lançou um “pó sabor café” chamado “Melissa”, com embalagem parecida. Outros setores já registraram casos semelhantes, como no mercado de laticínios, onde estratégias de marketing levam consumidores a confundir iogurte com bebida láctea.

Falta de fiscalização e risco ao consumidor

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) explica que esses produtos se enquadram em categorias amplas, como “misturas para preparo de bebidas” e “preparados sólidos”, o que permite a comercialização sem requisitos específicos de composição. Isso dificulta o controle sobre a presença de ingredientes artificiais e aromatizantes, que transformam o item em um ultraprocessado, diferente do café tradicional consumido no Brasil.

Para especialistas, a ausência de transparência na formulação e na rotulagem coloca o consumidor em desvantagem. “O que a gente vê na maioria desses casos é que o produto não é café. Ele usa estratégias para induzir o consumidor ao engano”, afirma Mariana Ribeiro, nutricionista do Instituto de Defesa de Consumidores (Idec). Enquanto isso, o Ministério da Agricultura investiga se o “café fake” configura fraude e avalia a aplicação de medidas regulatórias.

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