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Canoas
21 de junho de 2025

Polícia Civil de Canoas desarticula esquema criminoso que acontecia dentro de hospital

A Polícia Civil de Canoas descobriu uma falsa enfermeira que praticou estelionato e falsificou atestado de óbito; Entenda o caso

A Polícia Civil de Canoas desmantelou, em agosto de 2024, um esquema de estelionato e fraude que operava dentro de um hospital e, além disso, revelou uma conexão direta com o crime organizado no Rio Grande do Sul. A investigação, conduzida pela 3ª Delegacia de Polícia de Canoas e coordenada pela delegada Luciane Bertoletti, começou após o depoimento de uma vítima que teve sua confiança explorada por uma criminosa disfarçada de cuidadora hospitalar.

Polícia Civil de Canoas desarticula esquema criminoso que acontecia dentro de hospital: criminosa fingia ser enfermeira para aplicar golpe em pacientes e familiares

A vítima relatou que acompanhava sua mãe, internada em estado grave, quando foi abordada por uma mulher que se apresentava como auxiliar de enfermagem. Com o passar dos dias, a criminosa criou um vínculo de confiança e amizade, aproveitando a vulnerabilidade emocional da vítima.

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Em determinado momento, ela sugeriu ajudar a conseguir um suposto auxílio financeiro do governo federal.

Confiando na falsa enfermeira, a vítima entregou seu cartão bancário. A golpista então esvaziou a conta poupança, aumentou o limite de crédito e contratou um empréstimo em nome da vítima, gerando um prejuízo total de R$ 60 mil. Todo o valor foi transferido para contas controladas pela criminosa, deixando a vítima arrasada financeiramente e psicologicamente.

Polícia descobre documentos falsos e esquema de falsificação de óbito

Diante do relato, a equipe da 3ª DP iniciou uma investigação detalhada. Em agosto, os agentes realizaram buscas nos endereços dos suspeitos e encontraram um amplo material que comprovava a atuação organizada do grupo criminoso.

Na residência da principal suspeita, a falsa enfermeira, os policiais apreenderam carimbos médicos, receituários, documentos falsos e, de forma ainda mais alarmante, uma ficha de investigação de óbito fraudada. O documento, carimbado e assinado com nome de um médico do hospital, atribuía a causa da morte de um suposto paciente a “falência múltipla de órgãos”.

Entretanto, ao verificarem os dados, os agentes notaram que o falecido era, na verdade, um criminoso conhecido, líder de uma organização atuante no Estado, com passagens por homicídios e tráfico de drogas. A data do suposto óbito coincidia exatamente com a data em que ele receberia um alvará de soltura. O médico, ao ser contatado, afirmou que nunca assinou tal documento e sequer trabalhou no hospital em questão.

Prisão em flagrante e nova fase da operação

Durante a operação inicial, a polícia prendeu a principal suspeita em flagrante. As investigações, no entanto, continuaram e, nesta segunda-feira (14), a 3ª DP deflagrou a segunda fase da ação. Os agentes cumpriram nove mandados de busca e apreensão em Alvorada, Porto Alegre e Arroio dos Ratos.

O objetivo, segundo a delegada Luciane Bertoletti, é reunir mais provas sobre os crimes financeiros e sobre possíveis ramificações com o crime organizado. Ela reforçou o compromisso da polícia em garantir a segurança da população e impedir que criminosos escapem da Justiça.

Tentativa de forjar morte e escapar da Justiça foi frustrada

Para o delegado regional Cristiano Reschke, a investigação teve um efeito ainda mais significativo: impediu que um dos principais líderes do crime organizado do Estado forjasse sua própria morte para escapar de nova prisão. “A investigação impediu de forma efetiva o uso de documentos falsos para tornar impune um líder de organização criminosa. Ele seria considerado morto justamente no dia da audiência em que ganharia liberdade. No entanto, uma nova prisão preventiva foi decretada dias antes, e o plano falhou”, destacou Reschke.

Com a apreensão da falsa ficha de óbito e outros documentos, a polícia desmantelou um plano que poderia permitir a fuga definitiva de um criminoso extremamente perigoso. Segundo os investigadores, o objetivo do bando era construir uma “nova identidade” para o líder da facção, usando a falsa morte como justificativa.

Além disso, o homem que teria recebido boa parte dos R$ 60 mil desviados da vítima foi preso na quinta-feira anterior, em outra operação da Polícia Civil. Ele já era investigado por comandar um esquema de agiotagem na região metropolitana de Porto Alegre.

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