A polícia está investigando três médicas que atuam no Hospital Centenário, em São Leopoldo, no Vale do Sinos, por envolvimento na morte de uma recém-nascida. O caso ocorreu na última quarta-feira (9), e a direção do hospital afastou as profissionais obstétricas de suas funções. A mãe da bebê continua internada na instituição.
Entenda o caso
Segundo o pai da criança, sua esposa, de 35 anos, procurou o hospital na tarde de segunda-feira (7) após sentir dores. A gestação era considerada de risco por conta da diabetes gestacional.
A equipe de obstetrícia decidiu induzir o parto na manhã do dia seguinte (8). Segundo o relato do pai, a bebê pesava 5,3 quilos, e o parto normal não ocorreu como o esperado. Ele contou que a esposa “fez força por muito tempo, estava fraca” e que a família pediu pela cesariana, mas os médicos negaram o pedido.
“Depois de muito tempo, parte da cabeça da bebê saiu e ficou presa. Eles não conseguiram mais retirá-la. Foi nesse momento que começou o terror. Uma obstetra pulou sobre minha esposa para tentar tirar a nenê, enquanto outra médica puxava. Depois, tentaram empurrar minha filha de volta e também não conseguiram. Só então decidiram fazer a cesárea”, relatou o homem à redação da GZH.
Após a cirurgia, a equipe encaminhou a recém-nascida ao Hospital Conceição, em Porto Alegre. A mãe precisou passar por uma histerectomia – retirada do útero – e foi levada à Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Centenário, onde continua internada.
O pai contou que só no Hospital Conceição teve real dimensão da gravidade do estado da filha. A bebê morreu por volta das 16h de quarta-feira (9) e foi sepultada em Novo Hamburgo.
“Ela ficou 10 minutos sem oxigênio, teve a clavícula quebrada e os nervos dos braços arrebentados. Machucaram muito a cabeça dela. Havia arranhões nos braços e no pescoço”, relatou o pai.
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Investigação
Em resposta à reportagem da GZH, o Hospital Conceição informou que a equipe médica recebeu a bebê em parada cardíaca e a encaminhou à UTI Neonatal do Hospital da Criança Conceição, em estado gravíssimo. Apesar dos esforços, a condição da menina piorou, e ela morreu em menos de 24 horas após a internação.
O Hospital Centenário declarou que as obstetras envolvidas atuam como terceirizadas, contratadas por uma empresa prestadora de serviços de saúde. A direção do hospital abriu uma sindicância interna para investigar o caso e afastou as médicas das funções. A instituição não divulgou os nomes das profissionais.
A Polícia Civil investiga se houve negligência durante o atendimento. Segundo o delegado responsável, André Serrão, a equipe já acionou o hospital para obter as informações necessárias, e as médicas devem prestar depoimento ainda nesta semana.
“Ainda aguardamos o relatório de obstetrícia, que detalha as intercorrências do parto. Com esse documento, poderemos entender o que aconteceu no momento do nascimento. O caso ainda não é tratado como homicídio culposo, pois estamos analisando todas as possibilidades”, explicou o delegado.
O Hospital Centenário informou que já entregou todas as informações solicitadas às autoridades responsáveis. A direção técnica, a direção médica e a comissão de ética da instituição acompanham o caso.
O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) declarou que ainda não recebeu notificação oficial sobre o ocorrido.
