18.4 C
Canoas
18 de junho de 2025

Mulher recebe pele feita por impressora 3D a partir de células do próprio corpo

Procedimento pioneiro foi realizado na Austrália e promete revolucionar o tratamento de queimaduras, com menos dor, cicatrizes e tempo de recuperação

Uma mulher australiana se tornou a primeira paciente no mundo a receber um transplante de pele criada por impressora 3D utilizando células do próprio corpo. O procedimento, realizado no Concord Hospital, em Sydney, representa um marco na medicina regenerativa e no tratamento de queimaduras graves.

A paciente, Rebecca Jane Torbruegge, de 30 anos, sofreu uma queimadura na perna enquanto pilotava um kart. Enfermeira por formação, ela identificou rapidamente a gravidade da lesão ao notar bolhas na pele e procurou a Unidade de Queimados do hospital.

“Quando minha pele começou a borbulhar, percebi que algo estava errado”, contou Rebecca, em comunicado oficial do governo de Nova Gales do Sul.

Impressão de pele 3D com células do próprio paciente

No hospital, a pesquisadora Jo Maitz, líder do Grupo de Pesquisa em Queimaduras e Cirurgia Reconstrutiva, apresentou a Rebecca um ensaio clínico inédito: imprimir pele diretamente na ferida com a ajuda de um robô cirúrgico chamado Ligo, desenvolvido pela empresa Inventia Life Science.

A tecnologia permite aplicar biomateriais com precisão no local lesionado, reconstruindo o tecido danificado. A equipe imprimiu a pele em uma área cirurgicamente preparada, permitindo acompanhar a resposta do corpo ao enxerto. Os primeiros resultados indicam menor dor, cicatrização mais rápida e recuperação eficiente.

“Fiquei surpresa por não sentir dor. Esperava pelo menos um pouco, mas tudo correu bem. O mais difícil foi ficar parada por seis dias”, relatou a paciente.

Avanço promissor no tratamento de queimaduras

Pacientes com queimaduras graves enfrentam desafios como dor crônica, risco de infecções e cicatrização lenta, além de impactos duradouros na mobilidade e autoestima. A nova técnica tem potencial para reduzir essas complicações, além de aliviar a pressão sobre os sistemas de saúde.

“Esta descoberta oferece uma nova abordagem para acelerar a recuperação, reduzir a dor e melhorar os resultados a longo prazo”, afirmou o ministro da Saúde de Nova Gales do Sul, Ryan Park, após visitar o hospital.

Atualmente, a técnica está em fase de testes apenas em feridas cirúrgicas. No entanto, os pesquisadores planejam aplicar a impressão de pele diretamente em queimaduras reais e feridas profundas nos próximos estágios do estudo.

“Este é o futuro. É a primeira vez que a impressão 3D de pele acontece no próprio leito do paciente”, destacou a pesquisadora Jo Maitz.

O que é a pele 3D?

A impressão de pele 3D envolve o uso de biotintas feitas a partir das células do próprio paciente, combinadas com materiais que sustentam a estrutura do tecido. O procedimento evita rejeições e oferece regeneração mais eficiente e personalizada.

Essa inovação coloca a Austrália na vanguarda da medicina regenerativa e pode beneficiar milhões de pacientes com feridas traumáticas, queimaduras e até úlceras crônicas.

LEIA TAMBÉM:

MATÉRIAS RELACIONADAS

MAIS LIDAS