Uma mulher australiana se tornou a primeira paciente no mundo a receber um transplante de pele criada por impressora 3D utilizando células do próprio corpo. O procedimento, realizado no Concord Hospital, em Sydney, representa um marco na medicina regenerativa e no tratamento de queimaduras graves.
A paciente, Rebecca Jane Torbruegge, de 30 anos, sofreu uma queimadura na perna enquanto pilotava um kart. Enfermeira por formação, ela identificou rapidamente a gravidade da lesão ao notar bolhas na pele e procurou a Unidade de Queimados do hospital.
“Quando minha pele começou a borbulhar, percebi que algo estava errado”, contou Rebecca, em comunicado oficial do governo de Nova Gales do Sul.
Impressão de pele 3D com células do próprio paciente
No hospital, a pesquisadora Jo Maitz, líder do Grupo de Pesquisa em Queimaduras e Cirurgia Reconstrutiva, apresentou a Rebecca um ensaio clínico inédito: imprimir pele diretamente na ferida com a ajuda de um robô cirúrgico chamado Ligo, desenvolvido pela empresa Inventia Life Science.
A tecnologia permite aplicar biomateriais com precisão no local lesionado, reconstruindo o tecido danificado. A equipe imprimiu a pele em uma área cirurgicamente preparada, permitindo acompanhar a resposta do corpo ao enxerto. Os primeiros resultados indicam menor dor, cicatrização mais rápida e recuperação eficiente.
“Fiquei surpresa por não sentir dor. Esperava pelo menos um pouco, mas tudo correu bem. O mais difícil foi ficar parada por seis dias”, relatou a paciente.
Avanço promissor no tratamento de queimaduras
Pacientes com queimaduras graves enfrentam desafios como dor crônica, risco de infecções e cicatrização lenta, além de impactos duradouros na mobilidade e autoestima. A nova técnica tem potencial para reduzir essas complicações, além de aliviar a pressão sobre os sistemas de saúde.
“Esta descoberta oferece uma nova abordagem para acelerar a recuperação, reduzir a dor e melhorar os resultados a longo prazo”, afirmou o ministro da Saúde de Nova Gales do Sul, Ryan Park, após visitar o hospital.
Atualmente, a técnica está em fase de testes apenas em feridas cirúrgicas. No entanto, os pesquisadores planejam aplicar a impressão de pele diretamente em queimaduras reais e feridas profundas nos próximos estágios do estudo.
“Este é o futuro. É a primeira vez que a impressão 3D de pele acontece no próprio leito do paciente”, destacou a pesquisadora Jo Maitz.
O que é a pele 3D?
A impressão de pele 3D envolve o uso de biotintas feitas a partir das células do próprio paciente, combinadas com materiais que sustentam a estrutura do tecido. O procedimento evita rejeições e oferece regeneração mais eficiente e personalizada.
Essa inovação coloca a Austrália na vanguarda da medicina regenerativa e pode beneficiar milhões de pacientes com feridas traumáticas, queimaduras e até úlceras crônicas.
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