Você já reparou que quase toda compra feita entre países tem uma coisa em comum: o uso do dólar? Seja para importar eletrônicos, petróleo ou até alimentos, a moeda americana reina absoluta nas transações internacionais. Mas por que isso acontece? E quando esse domínio do dólar começou?
A resposta envolve história, acordos globais e confiança econômica. E apesar de parecer algo natural nos dias de hoje, essa escolha tem origem em um momento crítico do século 20.
Por que quase toda compra internacional é feita em dólar? Tudo começou após a Segunda Guerra Mundial
Para entender o papel do dólar em praticamente toda compra internacional, é preciso voltar a 1944, ano em que os líderes de 44 países se reuniram na cidade de Bretton Woods, nos Estados Unidos. A guerra ainda nem tinha acabado, mas o mundo já se preparava para a reconstrução.
Nesse encontro, os países decidiram criar um sistema financeiro internacional mais estável. O objetivo era evitar crises como a de 1929 e garantir equilíbrio nas trocas entre nações. Foi então que surgiu o acordo de Bretton Woods, que definia o seguinte:
- O dólar seria a moeda central do sistema;
- Outras moedas seriam atreladas ao dólar;
- O dólar, por sua vez, teria conversão garantida em ouro.
Ou seja, os Estados Unidos se comprometeram a manter uma relação fixa entre o dólar e o ouro: US$ 35 por onça (cerca de 28 gramas de ouro na época). Assim, o dólar passou a ser visto como uma moeda segura e confiável.
Por que os países aceitaram essa proposta?
A resposta é simples: confiança nos EUA. Ao final da Segunda Guerra, os Estados Unidos tinham a maior economia do planeta e detinham quase dois terços do ouro mundial. Enquanto a Europa estava em ruínas, os americanos estavam fortalecidos e prontos para liderar o novo sistema.
Além disso, o uso do dólar em toda compra internacional facilitava as trocas comerciais e evitava o risco de oscilações entre moedas locais instáveis.
E o que aconteceu com o ouro?
O sistema funcionou bem até os anos 1970. Mas com o tempo, os EUA começaram a emitir mais dólares do que tinham ouro para garantir essa conversão. Isso gerou desconfiança. Em 1971, o então presidente Richard Nixon anunciou o fim da conversibilidade do dólar em ouro. Esse ato ficou conhecido como o choque de Nixon.
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A partir daí, o dólar se transformou em uma moeda fiduciária: seu valor passou a depender apenas da confiança do mercado (e não mais do ouro.) Mesmo assim, ele continuou sendo usado globalmente.
O que mantém o dólar tão forte até hoje?
Atualmente, o dólar é usado em mais de 80% das transações internacionais. Isso acontece porque:
- Os EUA têm a maior economia do mundo;
- Seu sistema bancário é considerado estável e seguro;
- A maioria das compras internacionais, como petróleo, aviões, alimentos e tecnologia, são precificadas em dólar;
- Investidores de vários países usam o dólar como reserva de valor.
Outros países já tentaram mudar isso?
Sim, algumas nações tentaram fazer compras usando outras moedas, como o euro ou o yuan chinês. No entanto, o dólar segue dominante. O motivo principal? Confiança e liquidez. Em momentos de crise, o mundo ainda corre para o dólar como um porto seguro.

Moeda ainda sem concorrência
O uso do dólar em cada compra internacional não é um acaso. É fruto de um acordo histórico, de uma posição econômica privilegiada e da confiança que o mundo deposita nos Estados Unidos. E, por enquanto, nenhuma outra moeda conseguiu assumir esse posto.