Ela é pequena, incômoda e facilmente espantada da fruteira com um simples tapa. Mas a mosca-das-frutas (Drosophila melanogaster), considerada por muitos apenas um inseto indesejado, pode estar guardando um dos maiores segredos da ciência: ajudar a humanidade na busca pela cura câncer.
Longe de ser apenas uma praga doméstica, o inseto já foi responsável por seis prêmios Nobel e é hoje um dos organismos mais estudados do planeta. Graças à sua semelhança genética com os seres humanos, a drosófila se tornou uma ferramenta fundamental na investigação de doenças graves como Alzheimer, Parkinson, diabetes e tumores.
Este inseto pode ser a cura para o câncer, diz estudo: O poder genético da mosca

Cientistas descobriram que cerca de 75% dos genes ligados a doenças humanas têm equivalentes na mosca-das-frutas. Isso significa que os pesquisadores conseguem observar, em poucos dias, processos como envelhecimento, degeneração de células nervosas e até a proliferação celular ligada ao câncer.
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Com um ciclo de vida curtíssimo, a drosófila permite que os estudos avancem em semanas, o que em humanos ou camundongos levaria meses e custaria muito mais caro. Essa rapidez torna o inseto um verdadeiro atalho científico na corrida pela cura câncer.
Simulações de laboratório
Outro diferencial é a facilidade de manipulação genética. Em laboratório, cientistas podem ativar ou desativar genes específicos, testar novas drogas e até simular infecções virais. Isso acelera a descoberta de como determinadas mutações estão relacionadas ao surgimento de tumores e quais substâncias podem frear esse processo.
“Dez vezes mais biologia é obtida por dólar investido em drosófila do que em camundongo”, resume o geneticista Hugo Bellen, do Baylor College of Medicine, reforçando a importância do inseto na ciência de ponta.
Ciência de ponta com baixo custo
Além da eficiência, a pesquisa com moscas é muito mais econômica. Manter um laboratório de drosófilas custa até sete vezes menos do que um de culturas de células. No Brasil, onde a ciência sofre com cortes de verbas, isso pode ser determinante para garantir que estudos relevantes avancem.
Pesquisadores da UFRJ e USP defendem que agências de fomento criem editais específicos para ampliar o uso do inseto em laboratórios, transformando a drosófila em uma ferramenta estratégica para o país.
Da cozinha para os laboratórios
Assim, o inseto que muitos tentam afastar da cozinha pode, ironicamente, estar abrindo caminho para a cura câncer. Pequena no tamanho, mas gigante em importância científica, a mosca-das-frutas vem mostrando que até os organismos mais simples podem salvar milhões de vidas.