21.1 C
Canoas
27 de agosto de 2025

Parceria Brasil México ganha força em meio a tarifas de Donald Trump contra exportações

Com tarifas de Trump pressionando o Brasil, governo aposta no México como alternativa estratégica. Veja os setores que podem se beneficiar.

A parceria Brasil México está ganhando novo fôlego diante das tensões comerciais com os Estados Unidos. Nesta semana, uma comitiva do governo federal, liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, viaja à Cidade do México para estreitar laços econômicos e buscar alternativas de exportação para setores impactados pelo chamado tarifaço imposto pelo presidente norte-americano, Donald Trump.

O movimento reflete a busca por saídas diante das sobretaxas aplicadas pelos EUA. Atualmente, 108 setores brasileiros enfrentam barreiras, e um estudo da ApexBrasil identificou 72 mercados alternativos para absorver parte dessa produção. Entre eles, o México aparece como destino estratégico, ocupando a lista dos dez países com maior potencial para substituir exportações direcionadas aos americanos.

Segundo a Apex, pelo menos quatro segmentos se destacam no comércio com o país vizinho: móveis, equipamentos médico-odontológicos, mármore e máquinas agrícolas. O levantamento mostra que, apesar de as exportações brasileiras ainda representarem uma fatia pequena do total importado pelo México, há espaço para crescer.

Nos móveis, por exemplo, o Brasil vendeu aos Estados Unidos US$ 216,5 milhões em 2024, contra apenas US$ 16,8 milhões ao México. Já no setor de máquinas agrícolas, a diferença é menor: o Brasil exportou US$ 55,6 milhões para os EUA e US$ 30,8 milhões para o México, revelando um mercado com maior participação relativa. O mármore e as pedras ornamentais também chamam atenção: enquanto 71,9% das vendas do Brasil vão para os americanos, o México já absorve 9,2% desse segmento.

Além das estatísticas, a agenda política também pesa. No México, Alckmin terá encontro com a presidente Claudia Sheinbaum e participará do Fórum Empresarial Brasil – México, que reunirá cerca de 250 empresários dos dois países. O objetivo é reforçar a cooperação em meio ao ambiente de incerteza imposto por Washington. Enquanto o Brasil enfrenta ameaça de sobretaxa de 50%, o México lida com tarifas de 30% prometidas por Trump.

Parceria Brasil México ganha força em meio a tarifas de Donald Trump contra exportações: números do comércio bilateral

Os números reforçam a importância dessa aproximação. Em 2024, o comércio bilateral movimentou US$ 13,6 bilhões, com o México figurando como o segundo maior destino das exportações brasileiras na América Latina e o sétimo em nível mundial. Os destaques das vendas foram veículos, soja, carnes de aves e motores. Já nas importações, o Brasil recebeu principalmente peças automotivas, veículos e aparelhos de medição.

Além do comércio, o México mantém presença relevante no Brasil via investimentos. Em 2023, o estoque de investimento estrangeiro direto mexicano alcançou US$ 15,5 bilhões, com empresas como Claro Telecom (América Móvil), Coca-Cola Femsa e Alpek figurando entre as maiores em atividade no país.

LEIA MAIS:

A expectativa é de que a parceria Brasil México se intensifique nos próximos meses, com novos acordos comerciais e empresariais. Para especialistas em comércio exterior, o fortalecimento dessa ponte pode ser um caminho essencial para reduzir a dependência dos Estados Unidos e ampliar a competitividade da indústria nacional.

Guilherme Galhardo
Guilherme Galhardo
Estudante de jornalismo, apaixonado pela cultura POP, luta-livre, games, séries e filmes. Entusiasta de meteorologia e punk rocker nas horas vagas.
MATÉRIAS RELACIONADAS

MAIS LIDAS