No Dia Nacional do Surdo, celebrado nesta sexta-feira (26), a EMEF Bilíngue para Surdos Vitória em Canoas, se torna símbolo da luta por inclusão, respeito e valorização da comunidade surda.
Fundada em 2003, a EMEF Vitória, localizada na rua Caçapava n° 400, no bairro Mathias Velho, é especializada na educação de alunos surdos e com deficiência auditiva, com base em uma educação bilíngue e inclusiva, atendendo 31 alunos em turmas de 1º ao 9º anos em horário integral, das 8h às 15h.
A instituição é uma das 63 no Brasil, e a única na cidade de Canoas, que desenvolve um trabalho pedagógico bilíngue — com a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como a principal língua de instrução, com foco na autonomia, identidade cultural e acesso pleno à educação.
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O diretor da escola, professor Rafael Schilling Fuck, doutor em Educação, mestre em Ensino de Ciências e Matemática, está à frente da gestão há quatro anos. Mas sua história com a escola começou em 2016, como professor de matemática. Desde então, ele viu a transformação de uma comunidade escolar que, mesmo diante de inúmeros desafios, se fortalece a cada dia.
“A surdez não é impedimento. O que a gente mostra para os alunos todos os dias é que eles podem. Eles têm direito à cidadania, a estudar, a ocupar espaços, a sonhar e realizar”, afirma o diretor.
Um espaço construído com afeto, ciência e tecnologia

O prédio é equipado com laboratório de ciências e cada aluno possui um Chromebook para os estudos. Além disso, há quatro salas equipadas com telas interativas, sala de Libras, cozinha experimental, minicasa, biblioteca acessível, sala de recursos e brinquedoteca.
A instituição é referência em estrutura adaptada e tecnologia voltada ao aprendizado de crianças surdas. “As crianças precisam de estímulos visuais maiores”, destaca Rafael. Por isso, os recursos servem de apoio para que elas associem objetos, compreendam conceitos e aprendam com mais eficiência e inclusão.
Além dos equipamentos, a EMEF Vitória conta com a “Sala das Mães”, um espaço exclusivo para que as mães de alunos que não podem ou não conseguem permanecer sozinhos na instituição durante todo o período de aula possam aguardar o término das atividades.
No local também é desenvolvido o projeto o “Soletrando com as Mãos” que promove a aprendizagem da Libras e da Língua Portuguesa escrita de forma lúdica e inclusiva. Em formato de competição entre equipes, os estudantes soletram palavras em Libras usando o alfabeto datilológico, estimulando a leitura, a escrita e a ampliação de vocabulário.

Cada aluno, uma história; cada aula, uma adaptação
O ensino é altamente individualizado. Embora os alunos estejam organizados por ano letivo, e sigam a mesma grade curricular das escolas de ensino regular, os conteúdos são adaptados conforme a realidade linguística e cognitiva de cada criança.
O diretor explica que “nenhum aluno é igual ao outro. A maioria tem outras deficiências associadas, como autismo ou deficiência intelectual. Por isso, nosso planejamento é flexível e centrado nas necessidades reais de cada um.”
As aulas são ministradas por professores especializados, todos com experiência, formação em Libras e capacitação contínua.

Um início de ano marcado pela dor: o furto
Em janeiro deste ano, a escola foi vítima de um furto. No dia 17, criminosos invadiram o prédio e levaram todos os aparelhos de ar-condicionado e ventiladores de teto que haviam sido doados a escola por uma empresa. Eram 24 ar-condicionados e cerca de 14 ventiladores, todos ainda encaixotados, aguardando instalação.
Quatro meses após o furto a escola sofreu outro duro golpe: A enchente de maio atingiu duramente a estrutura da escola, comprometendo o primeiro piso e parte do segundo. As aulas foram suspensas por três meses. Durante esse período, a equipe pedagógica não se afastou: seguiu dando apoio às famílias e a comunidade. Dois anos depois, a escola ainda segue em reformas, mas opera de forma plena.
Matrículas abertas o ano todo
A escola atende exclusivamente alunos que possuam laudo de surdez e as matrículas podem ser feitas a qualquer momento do ano. “Sempre temos vagas. Aqui”, reforça Rafael.

Formação em LIBRAS
A EMEF Vitória também oferece cursos gratuitos de Libras para a comunidade. São três níveis (básico, intermediário e avançado), com 40 horas cada, promovidos semestralmente. “É uma forma de divulgar a cultura surda, ampliar a comunicação e fortalecer a inclusão também fora da escola”, afirma.
Contato da EMEF Bilíngue para Surdos Vitória
Para contato, doações ou informações sobre matrículas e o curso de Libras, entre em contato com a EMEF Bilíngue para Surdos Vitória pelos seguintes canais:
📱 WhatsApp: (51) 98255-0269
📧 E-mail: esc.vitoria.canoas@hotmail.com
📘 Facebook: @emefvitoria

