Um novo julgamento reacendeu o debate mundial sobre a relação entre o tradicional talco de bebê e câncer, tema que há anos envolve a gigante farmacêutica Johnson & Johnson. A decisão chama atenção não apenas pelo valor da indenização, mas também pelas alegações envolvendo um produto amplamente utilizado por famílias durante décadas.
O caso se soma a uma longa lista de processos judiciais que questionam a segurança de produtos à base de talco, especialmente aqueles voltados ao público infantil. A empresa, por sua vez, nega qualquer risco à saúde.
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A Johnson & Johnson foi condenada a pagar mais de US$ 1,5 bilhão, o equivalente a cerca de R$ 8,3 bilhões, a uma consumidora dos Estados Unidos que alegou ter desenvolvido câncer após o uso contínuo de talco de bebê da marca. A decisão foi tomada por um júri do Tribunal do Circuito da Cidade de Baltimore, no estado de Maryland.
Tradicional talco de bebê é ligado a câncer e leva Johnson & Johnson a condenação de R$ 8 bilhões: caso envolve uso diário
A vítima, Cherie Craft, afirmou no processo que utilizou talco Johnson’s Baby diariamente ao longo da vida, até ser diagnosticada com mesotelioma, um tipo raro de câncer que atinge a membrana que reveste órgãos como pulmões, abdômen e coração.
Segundo os advogados, o produto teria exposto a consumidora ao amianto, substância reconhecida como cancerígena. Para a defesa da vítima, o câncer poderia ter sido evitado.
“O câncer de Craft era evitável. Ela usou o talco Johnson’s Baby todos os dias da sua vida até ser diagnosticada com câncer”, afirmou a advogada Jessica Dean ao The Wall Street Journal.
Indenização bilionária
O júri concedeu US$ 59,84 milhões em indenização por danos à vítima. Além disso, determinou o pagamento de US$ 1 bilhão em indenizações punitivas contra a Johnson & Johnson e US$ 500 milhões contra a subsidiária Pecos River Talc.
De acordo com os advogados, este é o maior veredito já aplicado contra a empresa em um caso individual relacionado ao uso de talco de bebê e câncer.
Histórico de processos contra a empresa
As acusações envolvendo talco de bebê e câncer começaram a ganhar força nos anos 1990, mas se intensificaram a partir de 2016, quando decisões judiciais passaram a reconhecer a relação entre o produto e doenças graves.
Desde então, a Johnson & Johnson enfrentou milhares de processos, todos alegando que o talco estaria contaminado com amianto e que a empresa teria conhecimento do risco, mas não alertou os consumidores.
Empresa nega relação entre talco e câncer
Em resposta, a Johnson & Johnson afirma que os processos se baseiam em “pseudociência”. Em comunicado, o vice-presidente mundial de litígios da empresa, Erik Haas, declarou que décadas de estudos demonstram que o produto é seguro.
Segundo a companhia, o Talco Johnson’s Baby não contém amianto e não causa câncer.
Talco de bebê saiu do mercado
Mesmo negando os riscos, a Johnson & Johnson interrompeu a venda do talco de bebê nos Estados Unidos e no Canadá em 2020 e globalmente até 2023. Oficialmente, a empresa alegou razões comerciais, mas a pressão pública e os processos judiciais pesaram na decisão.
O produto foi substituído por versões à base de amido de milho.
A reportagem da Agência GBC tenta contato com a Johnson & Johnson, mas ainda não obteve retorno. O espaço segue aberto para futuras manifestações. Se a empresa responder, esta matéria será atualizada.

