FOTOS: Jean Monteiro/Prefeitura de Esteio
Da redação* | O projeto-piloto da Prefeitura de Esteio, que utilizarĂĄ contĂȘineres como moradia, teve a entrega da primeira casa na Ășltima sexta-feira (4). A dona de casa Neuza Cardoso de 55 anos morou Ă s margens do Arroio Sapucaia por quase 30 anos e, agora, tem como residĂȘncia fixa o nĂșmero 1426, na Avenida Porto Alegre. A medida Ă© parte de uma experiĂȘncia que a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SMDUH) farĂĄ buscando a melhor alternativa aos kits moradia de madeira atualmente utilizados em reassentamentos.
O prefeito Leonardo Pascoal ressaltou alguns pontos que levaram ao projeto. âO que estamos vendo hoje Ă© a transformação de uma ideia em realidade. TĂnhamos 16 famĂlias vivendo com o aluguel social e todas elas iam atĂ© a Prefeitura perguntar quando teriam a tĂŁo sonhada casa prĂłpria. Todos os municĂpios sofrem com algum tipo de problema em relação Ă moradia, mas a construção de novas casas tem muita burocracia e demanda certo tempo. Os contĂȘineres estĂŁo presentes no dia a dia de muitas formas. SĂŁo lojas, restaurantes e escritĂłrios feitos com esse material, que trazem mais economia e segurança. Pensar neles com uso residencial Ă© uma alternativa viĂĄvel e que pode nos ajudar a dar moradia para esta e outras 15 famĂliasâ, apontou.
Marcelo Kohlrausch, titular da SMDUH, destacou as qualidades da moradia-contĂȘiner. âEsse novo kit tem diversas vantagens em relação ao antigo. Ele tem mais durabilidade, Ă© sustentĂĄvel e economicamente viĂĄvel. O trabalho rĂĄpido que as equipes da montagem tiveram Ă© um belo exemplo de modernidade. A Dona Neuza terĂĄ uma residĂȘncia digna e de excelente qualidadeâ, afirmou.
O primeiro contĂȘiner-moradia foi uma doação do Grupo Colmeia, especializado no uso de contĂȘineres e mĂłdulos habitĂĄveis com diversas aplicaçÔes. JĂșlio Cezar Delfino, diretor da empresa, comentou o processo de elaboração do projeto. âQuando apresentei a ideia para a equipe, pedi a eles uma atenção especial, por conta da finalidade que seria dada Ă casa. Exportamos este mesmo modelo para diversas localidades, mas nunca tivemos a oportunidade de firmar uma parceria com ĂłrgĂŁos pĂșblicos. Graças a esta parceria com a Prefeitura, pudemos ajudar e fazer o bem para a sociedadeâ, disse.
Depois da solenidade, Neuza pegou as chaves e entrou pela primeira vez em seu novo lar. A casa onde ela morava, Ă s margens do Arroio Sapucaia, havia desabado e, desde entĂŁo, recebia aluguel social. A realização do sonho de ter um espaço prĂłprio que nĂŁo colocasse a famĂlia em risco finalmente se tornou possĂvel. Segundo Neuza, antes de ser removida da beira do arroio, nĂŁo havia descanso em noites de chuvas fortes. âSempre que começava a chuva era um momento de desespero para mim, familiares e vizinhos. Todos se preparavam para erguer os mĂłveis e salvar o que desse. AtĂ© que hĂĄ dois anos, fui retirada e posta no aluguel social. Quando a Prefeitura me chamou e contou sobre a ideia fiquei com o pĂ© atrĂĄs, nunca tinha visto. Mas quando passei aqui durante a semana e vi a casa sendo montada foi paixĂŁo Ă primeira vista. Ă a realização de um sonho e graças a Prefeitura ele estĂĄ sendo possĂvelâ, explicou. Durante o projeto-piloto, assistentes sociais da SMDUH vĂŁo acompanhar a famĂlia de dona Neuza e verificar sua opiniĂŁo em relação a questĂ”es sobre a qualidade da estrutura, adequação, comodidade e conforto.
O custo estimado de cada unidade do contĂȘiner-moradia Ă© de R$ 35 mil. Ele tem uma ĂĄrea de 27,6 mÂČ, com pĂ©-direito de 2,5 m. As paredes sĂŁo isotĂ©rmicas, ou seja, isolam a residĂȘncia de excessos de calor ou de frio. Em comparação, o kit de madeira atualmente utilizado custa R$ 25 mil, mas tem um espaço menor (21 mÂČ) e demanda mais recursos para conservação e manutenção. JĂĄ os investimentos em aluguel social giram em torno aos R$ 11 mil por mĂȘs para a Prefeitura. Outros benefĂcios da casa-contĂȘiner sĂŁo a sustentabilidade, pelo fato de ser uma obra limpa, com redução de entulho e de uso de recursos naturais como areia, madeira e ĂĄgua, e a praticidade, pela flexibilidade e agilidade na montagem, feita em atĂ© 60 dias.
*Com informaçÔes da Prefeitura de Esteio