Paciente recebe alta ao som de violino no GetĂșlio Vargas, em Sapucaia do Sul

Emoção tomou conta de quem estava no quarto

O Ășltimo dia de uma pessoa hospitalizada certamente Ă© marcante tanto para ela quanto para familiares. Em vĂĄrios casos, as internaçÔes sĂŁo prolongadas e a alta gera um momento de celebração. Desde novembro no Hospital Municipal GetĂșlio Vargas (HMGV), o tio de 67 anos da sapucaiense Adriana de Oliveira ouviu MĂșsica Popular Brasileira (MPB) ao som de violino antes de deixar o leito na Unidade de Cuidados IntermediĂĄrios Adulto (UCIA).

“Meu tio AntĂŽnio ter alta assim significa que ele Ă© muito querido por aqui. É uma celebração e nĂŁo esperava dessa forma. Depois de ficar um mĂȘs na Unidade de Terapia Intensiva, veio para os cuidados intermediĂĄrios com traqueostomia e sondas num pĂ©ssimo estado. Agora, ele sai do HMGV sem traqueostomia e nem sondas. Esse trabalho foi feito por toda a equipe da UCIA e da doutora Clarissa que Ă© um anjo”, afirma Adriana. A declaração emocionada foi logo apĂłs escutar Menina Ilza de Hermeto Pascoal interpretada pelo mĂșsico Felipe Karam que tambĂ©m gravou essa mĂșsica no disco De Sol a Sol.

AlĂ©m de Adriana, outros acompanhantes, pacientes e profissionais se emocionaram. Experiente tambĂ©m com a emoção causada pela mĂșsica, a mĂ©dica Clarissa Moura que contratou pela segunda vez o violinista para distrair seus pacientes, pediu uma canção animada. Prontamente, ao som de Brasileirinho o mĂșsico arrancou sorrisos e mais aplausos. Antes do som do violino chegar na UCIA onde estava o tio de Adriana, AntĂŽnio de Oliveira, pacientes, acompanhantes e trabalhadores da Observação Adulto e da Unidade de Cuidados Prolongados puderam escutar alĂ©m da MPB, o chamamĂ© argentino de RamĂłn Sixto RĂ­os com Merceditas, e o tango de Carlos Gardel na execução de Por una cabeza, entre outras cançÔes nacionais e internacionais.

“Podia ser sempre assim! Esse mĂșsico Ă© muito bom e atĂ© a gente fica muito bem para trabalhar”, relata a auxiliar de cozinha Sandra do Amaral. Sorridente, ela estava num dos corredores do Hospital para entregar a dieta dos pacientes. Num dos quartos, a dona de casa Maria de Lurdes da Silva que acompanha o marido internado hĂĄ uma semana e se encantou com a surpresa ao ouvir Garota de Ipanema. “Nunca tinha visto isso num hospital e a mĂșsica Ă© maravilhosa. Meu marido jĂĄ baixou quatro vezes e esse momento ajuda a gente esquecer os problemas e os motivos de estarmos aqui”, declara.

Foto: Fundação Hospitalar GetĂșlio Vargas

Rotina hospitalar

Os instantes musicais foram especiais para todos que puderam escutar o violinista seja usuĂĄrio do Sistema Único de SaĂșde ou trabalhador da ĂĄrea de saĂșde. Com esse estĂ­mulo artĂ­stico e cultural, Clarissa fez a visita mĂ©dica para verificar o estado dos pacientes. “Sempre achei muito bacana o trabalho de pessoas que fazem algum tipo de atividade para entreter os que estĂŁo internados. Eu acredito muito no poder da mĂșsica como uma forma de transformação de trazer as lembranças e que as pessoas consigam transcender. JĂĄ trouxe o violonista em função da alta de um outro paciente muito querido internado de maio a setembro do ano passado. É uma questĂŁo alĂ©m do fĂ­sico porque o emocional Ă© muito importante. NĂŁo se trata apenas de uma alta em si porque Ă© uma maneira de celebrar e proporcionar alegria aos que continuam internados”, revela Clarissa que Ă© mĂ©dica especialista em Medicina Interna e concursada na Fundação Hospitalar GetĂșlio Vargas desde fevereiro do ano passado.

Violinista

Formado em MĂșsica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Felipe Karam morou oito anos na Inglaterra onde trabalhou numa instituição que levava mĂșsicos para vĂĄrias locais de saĂșde e geriĂĄtricos. “O impacto da mĂșsica na reabilitação de doentes Ă© muito forte, por isso, o convite para vir no HMGV nĂŁo foi inusitado, mas Ă© uma das poucas vezes que faço isso aqui no Brasil. Minha mĂŁe teve cĂąncer de mama e Ă© professora de violĂŁo da UFRGS. Ela fazia recitais no Instituto da Mama do Rio Grande do Sul e participei algumas vezes. Sempre atuei com mĂșsica popular brasileira fora do paĂ­s e percebi que a nossa mĂșsica toca as pessoas de forma diferente. EntĂŁo, Ă© a base do meu repertĂłrio”, declara Karam que fez mestrado em Jazz na City University em Londres.

Foto: Fundação Hospitalar GetĂșlio Vargas
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