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A defesa do homem investigado por estuprar crianças dentro de condomínio no bairro Harmonia, em Canoas, pediu a soltura dele. A informação foi confirmada pelo advogado de defesa, Samuel Aguiar da Cunha.
Em nota, Samuel informou que a defesa “entende que não há requisitos legais suficientes para a prisão e, portanto, a liberdade é necessidade que impera, sob pena de se ameaçar os alicerces do ordenamento jurídico brasileiro a todos os cidadãos.” O homem está preso desde o dia 7 de novembro.
Leia nota da defesa abaixo.
Entenda o caso
O empresário Juliano Fontana foi o primeiro a denunciar no caso. Pai de uma menina de 9 anos, ele descobriu que a filha sofria abusos há quatro anos. “Ela contou para uma amiguinha na escola. Depois disso, a direção nos chamou e nos contou o ocorrido”, conta.
Juliano e a família tinham uma relação de amizade com o acusado há mais de 10 anos. “Chegamos a viajar juntos para Santa Catarina.” Ele conta que os abusos só tiveram um fim quando a criança descobriu que o que estava acontecendo era errado. “Ela ia na casa para brincar com o filho dele. Um dia, ele tentou levar ela para o quarto e ela deu um tapa na cabeça dele”, relata ao ressaltar o que sentiu quando descobriu o crime. “Descobrimos há mais de um mês e o delegado pediu para mantermos a maior descrição possível para não alertar ninguém.”
Com o avançar da investigação, Juliano procurou Sheila Breitembach, que tem uma filha de oito anos. “A filha dela fazia parte do mesmo círculo de amizade do filho dele e da minha.” A advogada esperou a filha chegar em casa e fez o questionamento. “Ela me contou detalhes. A minha filha disse que ele botava a mão por dentro da calça e botava ela no colo dele.”
Sheila destaca que nunca desconfiou da conduta do acusado e da família dele. “Era uma família de confiança que nós conhecíamos aqui no condomínio há mais de 10 anos. O filho deles vivia na minha casa, nossos filhos eram amigos. A gente convivia no condomínio, tomávamos mate junto. Uma família super decente ao olho de todos que a gente podia confiar os filhos a dormir na casa deles, porque o condômino é para ser um lugar seguro, não onde tua filha é abusada.”
Prisão
A Polícia Civil confirmou nesta segunda-feira (8) a prisão do investigado por três estupros de crianças. “Ele está em um presídio que não podemos divulgar. Isso não é um tratamento especial. Isso é de praxe em crimes sexuais contra as crianças”, conta o delegado Mário Souza, diretor da 2ª DPRM.
Ao longo da investigação, o delegado Rocha ressalta que foram recebidas diversas denúncias, inclusive de planos de fuga. “Não posso confirmar que ele planejava fuga. Foram várias denúncias investigadas. O que posso dizer é que ele colaborou com a investigação”, afirma Rocha.
O investigado ainda não foi escutado oficialmente. Porém, de acordo com o titular da DPCA, os relatos das três vítimas são muito semelhantes. “São relatos de pessoas que não conversaram entre si. Essa terceira vítima nem está no mesmo grupo dessas crianças do condomínio. Seria impossível para uma criança criar uma história dessas.”
Nota da defesa
§1. O Investigado permanece preventivamente custodiado, aguardando, nesse momento, decisão judicial quanto a pedido de liberdade entabulado ainda na semana passada. A Defesa entende que não há requisitos legais suficientes para a prisão e, portanto, a liberdade é necessidade que impera, sob pena de se ameaçar os alicerces do ordenamento jurídico brasileiro a todos os cidadãos.
§2. Desde as primeiras discussões do caso, o casal, por seu Advogado, nunca se furtou de responder a quaisquer questionamentos que lhes foi dirigido (seja pelas autoridades competentes, seja pelos órgãos de imprensa), colaborando e sendo sempre prestativo a todas as chamadas que lhes foram endereçadas, e pretende manter a mesma postura até o final – direta, altiva e honestamente, firmes e convictos que estão de sua mais absoluta inocência, conjunta e individualmente, frente ao que ignominiosamente lhes tentam imputar.
§3. Até o momento, a Defesa do casal não tem notícia de qualquer investigação em face da esposa do Investigado – e, mesmo que haja ou venha a haver, tudo será devidamente respondido de forma direta e franca. Há uma relação de cordialidade e respeito da Defesa com o Delegado Pablo Rocha, que conduz as investigações, confiando que nada se fará de forma oculta, escusa ou espetaculosa (como, aliás, tudo tem sido feito até então). Todos os esclarecimentos serão prestados, crendo-se que a verdade e a justiça virão à tona, para que todos contemplem a verdade real do caso.
§4. Importante que se refira textualmente: não se busca promoção pessoal alguma frente a esse caso, mas apenas e unicamente a justiça para todos os envolvidos. Necessário se faz repudiar veementemente aos que, de modo temerário, lançam mão de expedientes sofríveis para alcançar projeção, desrespeitando a intimidade de indivíduos que, independentemente de idade ou condição, necessitam de proteção, acolhimento e respeito – e, cabe referir, nisso não se confunde a justa manifestação da opinião pública e da liberdade de imprensa com os excessos danosos e irrefletidos, os quais serão responsabilizados nos termos da lei pelos mecanismos adequados.
§5. Após acesso aos autos do inquérito policial, caso já exista, e de mais informações a respeito, a Defesa estará apta a comentar e esclarecer a todas as perguntas que o caso fomenta, para que todos os pontos sejam esclarecidos de modo uniforme e sem o ruído causado por boatos; de mais a mais o Advogado subscritor permanece à disposição para atender a todos naquilo que lhe for viável e que não prejudique o curso das investigações, fazendo empenho para que a imprensa e as autoridades sejam atendidos de modo ágil e efetivo

