Polícia Civil, Bombeiros, Brigada Militar, Polícia Rodoviária Federal e Susepe desencadearam a operação Kraken nesta terça-feira (19), em Canoas e outras cidades da Grande Porto Alegre. Um dos alvos da Operação Kraken é considerado uma das principais lideranças da facção criminosa que perdeu mais de R$ 50 milhões de reais durante a ofensiva. Ele foi preso em um imóvel de luxo.
Contra ele, haviam dois mandados: prisão preventiva e de busca e apreensão. Os policiais fizeram buscas na residência e não encontraram nada. Porém, o homem que não teve a identidade divulgada devido a Lei de Abuso de Autoridade, estava usando tornozeleira eletrônica por ter ganhado, há pouco tempo, autorização para cumprir pena fora do presídio.
A ofensiva foi realizada em Canoas, Sapucaia do Sul, Nova Santa Rita e mais 35 cidades gaúchas, além de municípios de outros estados. Mais de 1,3 mil policiais cumpriram 1.368 ordens judiciais sendo mandados de prisão preventiva, busca e apreensão, sequestro e bloqueios de bens. Mais de 55 criminosos foram presos. “É a maior operação da história do Rio Grande do Sul”, afirma o chefe de polícia, Fábio Motta Lopes.
Conforme a polícia, foram apreendidos mais de uma centena de carros, como cinco BMWs, oito Audis, dois Camaros, três Range Rover, um Cadillac, um Maserati e um Jaguar. “A operação Kraken rompe paradigmas no que se tinha até o momento no combate ao crime organizado e à lavagem de dinheiro. Os reflexos desse trabalho certamente serão verificados por vários anos e as técnicas utilizadas servirão de base para trabalhos futuros. Foi um trabalho de repressão qualificada realizado para quebrar as finanças do crime organizado”, finaliza o delegado Souza.
Parece uma empresa
A investigação, que durou mais de 18 meses, foi coordenada pelo delegado Gabriel Borges titular da 1ª Delegacia de Sapucaia do Sul. Os investigadores descobriram um esquema de lavagem de dinheiro que era participado por 207 pessoas que integram a facção e tem função dentro dela. Foram identificados de gerentes até ‘meros’ laranjas.
Chamou a atenção da polícia que os membros da facção agem em um esquema empresarial. Eles têm regras, são discretos e, acima de tudo, visam o lucro por meio dos crimes. Além da venda de drogas, eles cometem crimes patrimoniais, tráfico de armas de fogo e até comércio ilegal de roupas.
O dinheiro era lavado da seguinte forma: os bandidos compravam imóveis e automóveis de luxo na Grande Porto Alegre e no Litoral de Santa Catarina. Além disso, adquiriam empresas para continuar gerando o capital.
Porém, é da venda de drogas que vem a maior parte dos lucros.
Principais lideranças na cadeia
Ao longo da investigação, os policiais descobriram que os bandidos recebem ordens de dentro do sistema penitenciários. As lideranças estão em presídios gaúchos e federais, mas como celulares que são enviados com drones para dentro das cadeias, eles seguem coordenando os crimes.
Para arrecadar ainda mais lucros, os presos ainda fazem rifas no presídio. Os prêmios, normalmente, são armas de fogo.
O grupo também mantém lideranças em Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e no Paraná, além de ter representantes na Bolívia, Colômbia e México.