RODRIGO BECKER

Rodrigo Becker é jornalista e escreve sobre política, negócios e cidade diariamente neste espaço.

ELEIÇÕES 2022 | 4 razões para votar em candidatos daqui e uma para votar em quem quiser

Pauta dos candidatos com base eleitoral nas cidades da região tem sido a defesa de que precisamos de parlamentares para ter recursos os orçamentos da União e do Estado: não estão errados

Por que Canoas, Esteio, Nova Santa Rita, Sapucaia ou Cachoeirinha precisa de um deputado? Simples: para ter a tal alguém que brigue por nós – e não contra nós, como acontece algumas vezes. Na prática, isso significa ter um ‘soldado’ de confiança na guerra que é disputa pelas fatias do orçamento – seja ele da União, lá em Brasília no caso dos deputados federais, seja do Estado, na Assembleia Legislativa, no caso dos deputados estaduais.

Resolvi, a título de curiosidade, listar os motivos que entendo pertinentes para votar em candidatos locais – e um único motivo para não votar; lembrando que, cara a cara com a urna, a consciência do eleitor é que manda nos números a digitar.

A FAVOR DO VOTO EM CANDIDATO LOCAL

1. Grana para cidade.
É verdade que deputados estaduais e federais tem acesso a recursos dos orçamentos que aprovam. Cada deputado federal, por exemplo, tem cerca de R$ 74 milhões por ano para destinar em emendas parlamentares. Durante a pandemia, parte dos recursos para Saúde que sustentou a linha de frente no amparo às vítimas da doença veio desse tipo de emenda.

Deputados estaduais não tem uma cota de emendas, mas também podem fazê-las durante a discussão do orçamento do Estado, em novembro. Além disso, quem relata a proposta costuma costurar acordos para garantir aportes maiores para determiandos setores – para 2021 e 2022, por exemplo, esses recursos foram centralizados no programa Avançar, que permitiu a recuperação de estradas e obras em acessos locais para escoamento da produção agropecuária no interior gaúcho.

2. Importância política
Canoas é a terceira economia do Estado: perde apenas para Porto Alegre, a Capital, e Caxias do Sul em PIB e produção industrial. E, é bom que se diga, rivaliza palmo a palmo com a cidade da Serra pelo segundo lugar.

Caxias tem 3 deputados estaduais e dois federais. Contando o entorno da cidade, são cinco. Canoas só tem um federal.

Na hora das discussões políticas importantes, quem defende a cidade?

3. Representatividade
Volta e meia, no Congresso ou na Assembleia, surge um tema de interesse da cidade. É aí que o deputado eleito aqui precisa aparecer. Se não aparece, ‘babaus’. Quer um exemplo? Em 2021, houve uma série de audiências públicas no parlamento gaúcho sobre o uso da área onde está sendo erguida um loja da Havan, ao lado do ParkShopping, também em Canoas. Sabe quem defendeu o interesse do município por lá? Ninguém.

Deputados de diferentes matizes políticas participaram das discussões – todos por conta própria, defendendo interesses dos setores que representam. Nenhum deles veio à Prefeitura, por exemplo, entender o que significava aquela área em termos ambientais e o empreendimento em termos de negócios para cidade.

Sem representatividade, é como se a terceira economia do Estado estivesse ‘sem pai nem mãe’ no parlamento – torcendo sempre para que as decisões que se tomam por lá pelo menos não atrapalhem a vida por aqui.

4. Problemas locais
Um parlamentar que viva o chão da cidade sabe, lá em Brasília ou em Porto Alegre, o que se passa por aqui. Um bom exemplo disso é o transporte público municipal – ou o preço das passagens do Trensurb. Com subsídio ou sem, é fundamental que no próximo período se encontrem soluções para um transporte mais eficiente e ‘pagável’: não dá para aumentar o preço da tarifa, mas também não dá para aceitar que ferros-velhos ambulantes percorram nossas ruas levando nossa gente – isso quando não enguiçam pelo caminho.

Triste, mas essa realidade não é exclusiva de Canoas. Vá a Sapucaia ou Cachoeirinha e verá ônibus velhos e horários infrequentes pelas ruas. Esteio não é excessão. O que pode fazer um deputado estadual ou federal por isso? Já é um bom começo se reclamar, por nós, da tribuna que um mandato lhe confere; se as decisões são tomadas longe daqui, temos que ter o nosso cara lá.

Mais um exemplo? O preço da tarifa do trem. Essa discussão acontece lá em Brasília, há mais de 2 mil quilômetros dos trilhos que cortam nossa região. Quando ainda no governo Temer foi dado um ‘talagaço’ na tarifa, que passou de R$ 1,70 para R$ 3,30, ninguém daqui reclamou por nós. Agora, já se paga R$ 4,50 para andar de trem – e vem mais um reajuste por aí, levando a tarifa para mais de 5 pilas em seguida.

A FAVOR DO VOTO EM QUALQUER CANDIDATO

1. Consciência do eleitor
Na verdade, o eleitor é livre para votar em quem quiser – seja da cidade onde mora ou não. Às vezes, o voto se associa à uma determinada pauta: professor que vota em professor; torcedor que vota em ex-jogador; trabalhador que vota em sindicalista (ou ex).

E tá tudo certo.

O importante, nesse caso, é votar. Escolher um candidato – e, à medida do possível, cobrá-lo pelas posições que defendeu durante a campanha, pela trajetória que o levou à eleição e que, por alguma razão, conquistou seu voto.

O voto é uma relação pessoal entre eleitor e candidato. No fundo, não precisa de motivos. Melhor para democracia, no entanto, é que eles existam: sempre que a gente escolhe alguém para nos representar, deveríamos acompanhar o seu comportamento durante o mandato. Em geral, é mais fácil fazer isso em relação ao prefeito, governador ou presidente da República, que tem maior exposição na mídia.

Por fim, informe-se: o voto é seu, mas o resultado dele impacta a todos nós.

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