Está com os dias contados – e, portanto, por encerrar – a intervenção do Estado no Hospital de Pronto Socorro de Canoas, o HSPC. Ao fim e ao cabo, é o melhor para a cidade. Não que o Estado esteja fazendo um trabalho ruim, longe disso; mas à Canoas cabe as escolhas do seu destino – e não seria diferente com o Pronto Socorro, já que a conta é nossa.
Ao longo dos últimos meses, a manutenção do HPSC custou cerca de R$ 10,1 milhões por mês aos cofres da Prefeitura, em números que o blog obteve extraoficialmente. Para se ter uma ideia, o contrato do HU com a Aceni, que também está sob intervenção, é de R$ 8,6 milhões por mês. O Estado fez gestão, mas mandou os boletos para o município pagar. E ainda insiste com o Assistir – lembra dele? O programa que ameaça tirar R$ 86 milhões dos recursos que atualmente financiam o HU e o próprio HPSC. Como se vê, não é fácil manear um leão diário na Saúde – mas que pelo menos sejamos nós, canoenses, a decidir como enjaular a fera.
A conta da Saúde é tão grande em Canoas que, para o ano que vem, a pasta vai consumir R$ 705 milhões de um orçamento estimado em R$ 2,3 bilhões. Isso dá aproximadamente 30% – o dobro dos 15% constitucionais. É de longe a secretaria que mais gasta – a Educação, em segundo, leva quase meio bilhão. E se perguntarem a qualquer cidadão, 10 em 10 vão dizer que é insuficiente – provavelmente, com razão.
Por isso, reputo que a gestão dos hospitais deve ficar rigorosamente sob o controle do município – já que a conta, ninguém discute, pertence do município. O que nos falta é um controle maior sobre quem entra, disputa e eventualmente vence essas licitações. Acompanhando o caso do HU, digo: as concorrentes são soberanamente desconhecidas. Se antes o processo atraia entidades como o Mãe de Deus, em 2009, agora é recheados de siglas que costumam designar algo que nada diz. Se por um lado não posso acusar ninguém de má conduta sem provas, por outro levo pouca fé. São os ossos do meu ofício: duvidar.
Por fim, a Canoas cabe aprimorar seu sistema de seleção cada dia mais e evitar, assim, que Gamps e Acenis voltem a contratar com o município – mas jamais abrir mão de estar no controle de todo esse processo. A cobrança, afinal, é paço e não no palácio.